Em nome das mulheres, Janja endossa fala de Lula elogiada pelo Hamas
Diz a primeira-dama que Lula teria defendido o direito à vida dos judeus caso tivesse vivido na época da Segunda Guerra. Por que não defende agora?
A fala antissemita de Lula (à esquerda na foto) acendeu um rastilho de pólvora de militantes extremistas. Estão pregando abertamente o assassinato de judeus e até mesmo o assassinato de quem criticou o presidente do Brasil.
Comparar o Holocausto a qualquer outro genocídio ou guerra é um tabu absoluto, principalmente saindo da boca de chefes de Estado. Não se trata apenas de revisionismo histórico ou ignorância, mas do quanto essa comparação inflama grupos que já são adeptos da violência. É um tipo de teoria comum em grupos neonazistas comparar qualquer situação do Oriente Médio ao Holocausto.
Repare que nem os mandatários de países árabes adversários de Israel chegaram nesse ponto. Eles sabem bem que, depois de lançada ao vento, a semente do estímulo ao extremismo fica incontrolável.
Linha vermelha
Lula cruzou uma linha vermelha e conseguiu ser declarado “persona non grata” até que se desculpe pela fala. Lembremos que foi mais uma fala sobre o caso, a cereja do bolo. Dias antes, tinha garantido mais dinheiro para a UNRWA, na contramão dos países democráticos. Aliás, nem os países árabes adversários de Israel fizeram declaração de aumento dessa verba.
O tão falado “apito de cachorro” funcionou. Os adeptos de Lula já estão pregando abertamente extermínio de judeus, assassinato de quem criticou a fala dele e espancamento de jornalistas que criticaram a declaração. É pelo fruto que se conhece a árvore.
Para quem diz advogar pela paz nesse conflito, parecia lógico que houvesse uma ação para acalmar os ânimos. Nada disso ocorreu, aliás, foi justamente o contrário.
Coragem?
Os aliados de Lula acham que ele tem razão, dizem que é corajoso. Como ele, fingem ignorar o efeito tóxico que essas declarações causam na militância mais radical.
Mas agora vem a pá de cal, um post na conta de Janja (à direita na foto): “Orgulho do meu marido que, desde o início desse conflito na Faixa de Gaza, tem defendido a paz e principalmente o direito à vida de mulheres e crianças, que são maioria das vítimas. Tenho certeza que se o Presidente Lula tivesse vivenciado o período da Segunda Guerra, ele teria da mesma forma defendido o direito à vida dos judeus.”
Diz nossa primeira-dama que o presidente Lula teria defendido o direito à vida dos judeus caso tivesse vivido na época da Segunda Guerra. Pergunto: por que não defende agora? Se não defende agora, teria defendido em outra época? Não quero crer que estejamos diante de mais uma forma criativa e perversa de igualar a reação de Israel ao Holocausto.
E os reféns?
Nossa primeira-dama diz também que Lula defende o direito à vida de mulheres e crianças. Por que então não pede a devolução dos reféns? Por que não condena publicamente a prática do estupro sistemático como arma de guerra pelo Hamas? O presidente não falou o nome nem do refém brasileiro, Michel Nisenbaum.
Não sei em qual multiverso da loucura uma declaração elogiada pelo Hamas pode ser classificada como algo que defende mulheres. Mas é o que disse nossa primeira-dama, ignorando solenemente a forma como o Hamas trata mulheres. Eu espero que seja só ignorância e não uma revelação de como o papel da mulher é visto pelo feminismo à la Janja.
Coincidentemente hoje estreia a série Israel em Guerra, que produzi durante uma viagem até lá no início do mês. O primeiro capítulo tem o título “As mulheres e o Hamas”. Para mim, não resta dúvida de que, se o Hamas elogia, não é bom para mulheres. Muito pelo contrário. Talvez algum dia alguém consiga mostrar isso a Janja.
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