Em MG, deputada do PL apresenta lei “anti-woke” nas escolas públicas
Precisamos de engenheiros e especialistas em IA, e não de filósofos de botequim e de DCEs discutindo "lugar de fala"
Em seu retorno à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a deputada Alê Portela (PL) protocolou projeto de lei para “combater a cultura woke” nas escolas do estado, por meio da criação do Programa de Transparência Curricular e Participação dos Pais. O termo “woke” virou parte de uma guerra cultural e política entre esquerda e direita em todo o mundo, causando debates acalorados nos meios acadêmicos.
Em tradução livre, “woke” significa “despertar”, ou “acordar”. Mas como parte da gramática política, refere-se a um movimento imposto pela esquerda para promover o que entendem como conscientização sobre questões sociais, principalmente ligadas às desigualdades de raça, gênero e orientação sexual. O conteúdo é legítimo, porém, a forma sempre autoritária e impositiva dessas mesmas esquerdas acaba prejudicando o debate.
O projeto propõe a criação de Conselhos Escolares de Transparência e Participação em cada escola, dos quais fariam parte pais, responsáveis, docentes e membros da comunidade escolar. Por estes conselhos será feito o monitoramento do conteúdo educacional, por meio da sugestão de melhorias e a promoção “de um espaço de diálogo entre a escola e a comunidade”. Pronto. A emenda começa a se tornar pior que o soneto.
A Matemática que se dane
Aos pais, segundo o projeto, seria garantido acesso ao conteúdo educacional, disponibilizado em uma plataforma digital mantida pela Secretaria de Educação. Eles participariam do “controle e elaboração do material didático por meio da promoção de audiências públicas anuais, onde apresentariam sugestões e demandas sobre o conteúdo pedagógico”. Na boa: pais (leigos) participando sobre conteúdo pedagógico não dá.
Segundo apurou O Fator, parceiro de O Antagonista em Minas Gerais, a deputada quer “fortalecer o papel das famílias na educação de seus filhos, promovendo uma educação pública verdadeiramente democrática e pluralista”, bem como “assegurar que o currículo escolar seja guiado por uma abordagem neutra e imparcial, respeitando a pluralidade de perspectivas”. Se alguém entendeu alguma coisa, por favor me explique.
O problema com os extremos é que nem um lado nem outro verdadeiramente caminha em busca – neste caso – de um ensino melhor. Apenas duelam para impor as próprias agendas, deixando de lado o mais importante, que é a preparação adequada dos alunos para um mundo em frenética revolução tecnológica, que precisa de engenheiros e especialistas em IA, e não de filósofos de botequim e DCEs, discutindo “lugar de fala”.
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