Economia forte e fiscal fraco decretam alta da Selic
Falta de credibilidade do governo Lula faz com que custo para reancoragem das expectativas de inflação fique ainda mais alto
Sem dados relevantes para os próximos dias, os diretores do Banco Central vão para reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nos dias 17 e 18 de setembro, com o mercado dando como certo um aumento na taxa Selic.
De acordo com as apostas nas opções de Copom negociadas na B3, as chances de manutenção da taxa básica no patamar atual de 10,50% ao ano encerraram as negociações na quinta-feira, 11, em 8% – menor patamar desde que a opção para a reunião de setembro foi aberta. Do outro lado, um reajuste de 0,25 ponto percentual está com 78% de probabilidade, e uma alta ainda mais forte (0,50 p.p.) está em 14%.
Na semana, os dados do setor de serviços e do varejo confirmaram a pujança da economia e alimentaram preocupações de que o crescimento da demanda pode pressionar a oferta acima da capacidade. Se a situação se confirmar, a válvula de escape para o impasse seria aumento de preços e inflação.
Além disso, o texto original do projeto de desoneração da folha de pagamentos possibilitava a utilização dos depósitos esquecidos na conta dos bancos pudessem ser utilizado como receita primária para o equilíbrio das contas públicas. O Sistema de Valores a Receber do BC estima em 8,5 bilhões de reais o montante nessa situação.
A autoridade monetária, porém, alertou os deputados de que a quantia não poderia ser utilizada como receita primária porque estaria em desacordo com normas contábeis internacionais. Os parlamentares então alteraram a redação da matéria e o valor agora será utilizado apenas para efeito contábil e não pode entrar no cálculo da meta fiscal, o que coloca as contas do governo 8,5 bilhões de reais ainda mais longe do cumprimento da meta.
Carente de credibilidade fiscal e acelerando os gastos para impulsionar a economia de forma artificial, o governo Lula desancora as expectativas de inflação e aumenta a desconfiança dos agentes do mercado, que pressionam o Banco Central por um posicionamento ainda mais incisivo no combate a riscos inflacionários. E assim o petista conseguiu empurrar o país para um novo ciclo de alta nos juros, sem nem mesmo ter chegado ao fim do ciclo de cortes.
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