E agora, Bolsonaro? As cenas dos próximos capítulos
Se o fato não fosse tão grave, seria divertido estourar umas pipocas e assistir aos duelos intelectualmente vigaristas no Supremo em 2025
Como naquelas novelas mexicanas importadas pelo SBT há algumas décadas – se ainda as importa, desconheço, pois como muitos, já nem sei mais como ligar um aparelho de TV -, a ópera bufa golpista, protagonizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e o séquito de trapalhões que o rodeava, como no ditado popular, “a cada enxadada, uma minhoca”, nos trouxe mais um infame capítulo, nesta patética e dramaticamente histórica semana.
O conjunto da obra, até o momento, é tão tosco e tão mambembe que chega a ser favorável – em termos da tal “narrativa” – aos golpistas. Sim. Porque tudo é tão incrivelmente absurdo, que boa parte das pessoas mais ri que se assusta; mais debocha que se preocupa; mais “leva na esportiva” que exige punição adequada. As piadas sobre envenenamento, emboscada e tudo mais que planejava o Incrível Exército de Brancaleone correm fartas pelas redes sociais.
Até a reação inicial da família Bolsonaro, notadamente dos bolsokids 01 e 02, “Flavinho Wonka” e “Dudu Bananinha” – me perdoem a zoação, mas é proporcional às personagens – orna com o enredo. Aliás, concorresse ao Oscar de melhor filme pastelão, a saga bolsonarista, com vias a um golpe de Estado, venceria com folga. O senador disse que “Pensar em matar não é crime” e o deputado, “Cogitação não faz parte do crime”. Super originais, não?
Ano que vem, diversão garantida
Já o patriarca do clã das rachadinhas, como não poderia ser diferente, atacou o ministro Alexandre de Moraes – também merecedor de certa zoeira, logo, Xandão. Ao colunista Paulo Cappelli, do site Metrópoles, Bolsonaro declarou: “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”. Sobre os fatos, nenhuma palavra.
Não tenho bola de cristal nem tampouco me pretendo a Mãe Dináh, mas, salvo “um museu de grandes novidades” (Cazuza), tudo o mais constante, da lista inicial de 37 indiciados – e contando! -, assim como os 40 de Joaquim Barbosa no mensalão, muitos serão largados ao longo do processo, que, sabemos todos, visará mesmo a cúpula golpista, tendo o Rei Sol, Jair Bolsonaro, lugar de destaque e um baita X (sem trocadilho) marcado no lombo.
Se o fato não fosse tão grave, seria divertido estourar umas pipocas e assistir aos duelos intelectualmente vigaristas e “cheios de vaidade” – desculpem, aí, cruzeirenses! – que se darão, ao vivo e em cores, pela TV Justiça em 2025. Aliás, qual será a primeira “Bet” a ter coragem de lançar uma “odd” sobre o assunto? Sugiro: Bolsonaro será condenado? Sim – pagando meio por um. Com certeza – pagando zero por um. Não – pagando 1 milhão por um.
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Comentários (4)
Fabio B
22.11.2024 17:18Quem mama no estado e não depende da economia do país, é só diversão mesmo assistir todo esse circo. Mas não tem mocinho nessa história, de um lado um STF ditatorial que tomou para si todo poder, e do outro um bandido trapalhão, que se tivesse vencido, provavelmente faria, se não igual, pior.
Marcia Elizabeth Brunetti
22.11.2024 16:14DE fato, está tão cômico que chega a parecer só uma piada. Ainda não consigo acreditar que tenham sido tão palermas ao "tramar" esses assassinatos.
Angelo Sanchez
22.11.2024 15:42Bolsonaro sabia de um plano mais ousado, porque seria o primeiro a ser consultado, simplesmente não concordou e tudo não passou de uma indignação contra a eleição de um corrupto descondenado. Mas, democracia é isto mesmo, já vimos o jacaré,"cacareco" ser eleito nos tempos antigos em que o voto era escrito e o jacaré teve mais votos que o candidato vencedor.
Luis Eduardo Rezende Caracik
22.11.2024 13:02O mais incrível de tudo, é que antecipando uma das possíveis linhas de defesa do Bozo, de que não sabia de tal plano, e dele não fez parte, e antecipando uma possível sentença que lhe seja favorável, e uma anistia de sua inelegibilidade (neste Brasil tudo é possível) teremos um candidato em 2026 que além de tudo o mais vai ter que achar uma explicação para o eleitorado para o fato de ter de fato tentado comprar as forças armadas, ao não mexer na generosa previdência militar, tendo ainda colocado 6 mil militares em postos que deveriam ser ocupados por civis, e de ter selecionado a dedo alguns generais e coronéis para atuar intimamente com a presidência, sem ao menos imaginar que boa parte destes eram golpistas. Se os Bolsonaristas tiverem pelo menos dois neurônios funcionando, vão pensar que não faz o menor sentido votar no mito pela segunda vez. Mas, pode ser que a vara dos dois neurônios seja alta demais....