A derrota do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo também representa um revés histórico do presidente Lula na capital paulista.

Essa foi a primeira vez que um candidato apoiado explicitamente por Lula foi derrotado na maior cidade do país durante uma administração federal petista. Em 2012, por exemplo, Fernando Haddad (PT) foi eleito com apoio de Lula em pleno governo Dilma Rousseff.

Ao longo da campanha, integrantes de uma ala mais pragmática do PT defenderam que o partido apoiasse a candidatura de Tabata Amaral (PSB), vista com uma rejeição menor que Guilherme Boulos. O presidente Lula, no entanto, insistiu, argumentando que ele poderia reverter essa rejeição ao longo da campanha assim que aparecesse ao lado do deputado federal.

Ledo engano.

Aconteceu justamente o contrário. Lula nunca trabalhou tanto por um candidato. Lembremos que desde 1º de maio o petista aparece em atos de campanha ao lado do parlamentar. Tanto que o petista foi multado em 20 mil reais por ter declarado voto, de forma explícita, durante os atos em alusão ao Dia do Trabalho.

Lula errou após imaginar que poderia transferir votos a Boulos

O petista imaginava que iria conseguir transferir para Boulos, exatamente, os 3,6 milhões de votos obtidos no segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Na época, ele venceu Jair Bolsonaro na capital paulista por uma diferença aproximada de 500 mil votos.

Boulos não chegou nem perto disso. No segundo turno, obteve aproximadamente 2,3 milhões de votos – 1,3 milhões a menos que o seu padrinho político, mesmo tendo toda a máquina federal e partidária a seu favor.

O PT e o PSOL investiram na campanha de Boulos aproximadamente 82 milhões de reais. Somente a direção nacional do PT aportou em torno de 45 milhões de reais na campanha do candidato de Lula. A título de comparação, isso representou um terço de tudo aquilo que Lula gastou na campanha presidencial e 2022.

Ricardo Nunes, do outro lado, teve à sua disposição 51,2 milhões de reais. Deste valor, 18 milhões foram investidos pelo MDB e 17 milhões pelo PL, que indicou o vice, coronel Melo Araújo.

Em resumo: nem Lula, nem a máquina federal e nem o esforço descomunal do Palácio do Palácio fazem milagre. Eis aí o alerta para o PT e para Lula para 2026.