Crusoé: Fernanda Torres e a eterna carência afetiva brasileira
Globo de Ouro é o único gol da seleção canarinho na derrota de 7 para a Alemanha
A atriz Fernanda Torres (foto) venceu o Globo de Ouro de melhor atriz neste domingo, 5, com uma interpretação maravilhosa no filme Ainda estou aqui, emocionante e irretocável.
É uma conquista acima de tudo individual, ainda que Fernanda tenha compartilhado o mérito com o diretor Walter Salles e outros envolvidos na obra.
Mas a capacidade do prêmio de animar a alma brasileira é muito maior.
O brasileiro é um povo carente, que não basta a si próprio e depende sempre do elogio e da aprovação do outro.
Érico Veríssimo
O escritor gaúcho Érico Veríssimo foi um dos que constatou essa carência afetiva brasileira.
Professor da Universidade de Berkeley, na Califórnia, ele fez diversas comparações entre brasileiros e americanos no seu livro A volta do gato preto — o segundo que escreveu sobre os Estados Unidos.
Segundo Veríssimo, os americanos achavam que os brasileiros eram muito “self conscious“, isto é, “muito preocupados conosco mesmos, com nossas roupas, gestos, palavras, e com a impressão que os outros possam estar tendo de nós“.
É o oposto da ideia americana de cuidar da própria vida e deixar que os outros cuidem das suas.
“Somos criaturas amáveis, e gostamos de parecer aos outros simpáticos“, escreveu Veríssimo, mais além no texto.
Quando o reconhecimento externo acontece, em uma cerimônia de Globo de Ouro ou na visita de um gringo em um “hostel” (albergue), o brasileiro é só alegria.
Falem bem do Brasil
Essa busca por reconhecimento já gerou grandes tragédias.
A campanha petista para sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 levou a protestos de rua em 2013, corrupção na construção de estádios e uma derrota de 7 a 1 para a Alemanha.
O governo brasileiro queria mostrar um país pujante, mas continuamos sendo considerados como um país de segunda categoria.
O passado ainda está aqui
Independentemente dos aplausos de ontem, não há muito o que comemorar.
O filme Ainda estou aqui conta uma história real de Eunice Paiva, baseada em um livro de Marcelo Rubens Paiva.
Para muitos brasileiros, é um alento que os estrangeiros agora poderão ver que um povo deixou para trás…
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Comentários (2)
Daniela_RS
06.01.2025 10:49Excelente artigo e análise! Parabéns, Duda Teixeira!
Heraldo Figueiredo
06.01.2025 09:31Dona Arlete Pinheiro (nome da dona Fernanda Montenegro) não se fez ptesente?