As preventivas de Braga Netto e Delcídio: dois pesos, duas medidas
Caso do ex-ministro de Jair Bolsonaro, que concorreu como vice na chapa presidencial em 2022, gera debate sobre o uso da prisão preventiva
A decretação da prisão preventiva do general Walter Braga Netto, no sábado, 14, suscitou debates sobre o uso desse instituto e a respeito do volume de provas obtidas pela Polícia Federal (PF) no inquérito relacionado à suposta tentativa de golpe de estado e ao eventual plano para se neutralizar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Na decisão, o magistrado afirmou que Walter Braga Netto oferecia risco à ordem pública ao tentar obter informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid por meio de Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Eis o que Moraes argumentou:
“Em complemento ao depoimento prestado pelo colaborador, em 6/12/2024, seu pai, MAURO CÉSAR LOURENA CID também confirmou que WALTER SOUZA BRAGA NETTO ‘entrou em contato no período em que o acordo estava sendo realizado, logo após a soltura de MAURO CID’, afirmando, porém, não se recordar se os assuntos tratados tinham relação com o acordo de colaboração premiada”
Entre as provas, havia a delação premiada de Mauro Cid, registros do celular confirmando os contatos entre Cid pai e Braga Netto e anotações encontradas na sede do PL com resumo de trechos da delação premiada de Cid filho.
Preventiva de Braga Netto x preventiva de Delcídio
Ao longo do final de semana, foram inevitáveis as comparações desse caso com as prisões preventivas decretadas no âmbito na Lava Jato. E não deixa de ser ilustrativo relembrar a prisão preventiva do ex-senador Delcídio do Amaral, na época no PT, em 2015.
Quando Delcídio foi preso, a PF descobriu um plano em que o então parlamentar ofereceu fuga a Nestor Cerveró para que o ex-executivo da Petrobras não delatasse o petista e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual.
E o plano era o seguinte: Cerveró deixaria o Brasil em direção ao Paraguai, de lá seguiria para a Espanha. O plano foi traçado em 4 de novembro de 2015, em um hotel de Brasília. E, durante a reunião, Delcídio citou conversas com integrantes do STF para convencer Cerveró a aceitar o plano de fuga (decisão na íntegra pode ser lida nesse link).
Pedido de prisão
No pedido de prisão, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que Delcídio ofereceu 50 mil reais a Cerveró, ao mês, para que ele não citasse o senador no termo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF).
As informações não somente foram confirmadas documentalmente como também por meio de provas testemunhas obtidas junto ao filho de Cerveró, Bernardo.
O plano foi descoberto não somente por meio de delações, como também por meio de gravações entre outros registros.
“O (instituto) da prisão preventiva não é o momento de formular juízos condenatórios. Decretar ou não decretar a prisão preventiva, não deve antecipar juízo de culpa ou de inocência, nem, portanto, pode ser visto como antecipação da reprimenda”, ensinou na época Teori Zavascki.
Definitivamente, eram outros tempos.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Claudemir Silvestre
16.12.2024 14:48Nosso sistema Judiciário está completamente CORROMPIDO !! FALIDO !!!