As filhas de Silvio Santos e o futuro do SBT
A transição de liderança, que já vinha sendo transferida, exige uma eficiência estratégica para que as herdeiras consigam prosperar num momento em que a TV aberta se vê diante de grandes desafios
Com a recente morte de Silvio Santos aos 93 anos, suas empresas e o SBT enfrentam um dos maiores desafios de sua história: seguir sua trajetória sem a liderança carismática e visionária de seu fundador.
Desde sua fundação em 1981, o SBT esteve profundamente ligado à figura de Silvio, cuja presença na televisão e no comando dos negócios foi um dos pilares do sucesso da emissora.
Agora, a transição de liderança, que já vinha sendo transferida, exige uma eficiência estratégica para que as herdeiras de Silvio consigam prosperar num momento em que a TV aberta se vê diante de grandes desafios.
A reestruturação do Grupo Silvio Santos
O SBT é parte do Grupo Silvio Santos, que também inclui empresas como a Jequiti Cosméticos e o Hotel Jequitimar, já vinha passando por uma transição gradual, com 5 das 6 filhas de Silvio assumindo responsabilidades crescentes nos negócios da família.
Desde 2010, essa transição começou a se intensificar, com as herdeiras ocupando posições de crescente destaque tanto na gestão das empresas quanto em aparições na mídia.
O SBT, porém, enfrenta um cenário mais complexo. A emissora, que sempre dependeu muito da imagem de Silvio Santos, precisa agora fortalecer sua identidade sem a presença de seu fundador. Esse trabalho já havia se iniciado em 2022, quando Silvio parou de apresentar seu programa e de aparecer na TV, deixando os holofotes para Patrícia.
Patrícia Abravanel: o novo rosto do SBT
Patrícia Abravanel é, entre as irmãs, a figura mais evidente na televisão. Ela herdou do pai seu programa e vem aprimorando com sucesso sua habilidade de comunicação inata, tornando-se uma das principais apresentadoras do canal.
Além de sua presença constante na tela, Patrícia também exerce influência nas decisões estratégicas da emissora. Seu desafio é duplo: continuar atraindo audiência e, ao mesmo tempo, participar ativamente da administração do canal, garantindo que o SBT mantenha a tradição de entretenimento popular que sempre foi sua marca registrada, aliando audiência e faturamento.
Silvia e Rebeca Abravanel também estão entre as que gostam do lado da frente das câmeras, com a primeira sendo diretora do núcleo infantil da emissora e apresentando o Sábado Animado e a segunda desempenhando o papel de diretora executiva do canal e comandando o Roda a Roda Jequiti.
Daniela Beyruti: gestão e inovação
Enquanto Patrícia assume a frente das câmeras, Daniela Beyruti age mais nos bastidores. Formada em Comunicação Social e com MBA em Gestão de Empresas, Daniela tem sido responsável por muitas das inovações que o SBT implementou nos últimos anos, incluindo contratações artísticas como Virgínia Fonseca.
Como diretora de planejamento e assessora da presidência, ela tem o desafio de modernizar a emissora sem perder a essência que a tornou um sucesso. Isso inclui a adaptação à nova realidade digital, como o lançamento da plataforma de streaming +SBT, para Smart TVs, celulares e tablets, como o Netflix, e a criação de conteúdo que agrade ao público mais jovem, sem alienar a audiência tradicional do canal.
Renata Abravanel: o desafio empresarial
Renata Abravanel, a mais jovem das filhas, também ocupa um papel estratégico dentro do Grupo Silvio Santos. Ela atua como presidente do grupo, liderando a diversificação dos negócios familiares.
Renata é vista como uma administradora com perfil discreto, que prefere trabalhar nos bastidores. Sob sua liderança, o grupo busca manter a rentabilidade e expandir suas operações em setores fora da televisão, como cosméticos e hotelaria.
Seu desafio é garantir a sustentabilidade financeira do grupo, diversificando receitas, explorando novos mercados e reavaliando investimentos, como a recente quase venda da Jequiti, que não teria seguido adiante por discordâncias quanto ao valor oferecido por uma empresa farmaceutica.
O Futuro do SBT
A ausência de Silvio Santos poderia colocar o SBT em um momento decisivo, mas na prática fica-se com a impressão de que ele já tinha uma importância mais simbólica e consultiva do que realmente decisória e operacional no dia a dia.
A emissora precisa redefinir sua identidade em um mercado altamente competitivo, onde o consumo de mídia está cada vez mais pulverizado. O sucesso dessa transição depende da capacidade das herdeiras em equilibrar o legado por seu pai com as exigências de um novo cenário digital e empresarial.
Embora o carisma de Silvio Santos seja insubstituível, o futuro do SBT e de seu Grupo empresarial agora está nas mãos de suas filhas, que tem o desafio de, em harmonia, liderar, inovar e preservar o legado que ele construiu ao longo de décadas.
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