Antissemitismo profana Tiradentes, sob olhares do governo Lula
Manifestações antissemitas tornaram-se cada vez mais frequentes no País sob a justificativa de manifestações pelo fim da guerra ou pelos “direitos humanos” dos palestinos.
Joaquim José da Silva Xavier é “figurinha carimbada” na memória de qualquer cinquentão brasileiro, ou mais jovem, desde que se interesse por História do Brasil. Digo isso porque pertenço a uma geração que verdadeiramente estudava e aprendia os conteúdos ministrados em sala de aula, por seres considerados quase extraterrestres que, admirada, respeitosa e carinhosamente, chamávamos de professores – ou mestres.
Tiradentes – como era conhecido o “JJSX” acima – talvez seja o exemplo máximo de luta pela liberdade no Brasil, já que, afortunadamente, não conquistamos nossa independência à custa de grande derramamento de sangue, a despeito de muita gente pensar que, justamente por isso, não nos tornamos um povo patriota e uma nação desenvolvida. O notório inconfidente deve estar se revirando no túmulo, coitado, e explicarei por quê.
Antiga Vila Rica, capital do Império português em Terra Brasilis, Ouro Preto, município distante 100 quilômetros de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, chegou a ser uma das cidades mais populosas das Américas. Em 1730, estima-se que 40 mil pessoas residiam na “metrópole”, pólo exportador de ouro e outros minerais para a Coroa portuguesa. De lá para cá, obviamente, tudo mudou. Para melhor. Ainda que tenhamos certas aberrações a tratar.
Coitado do Tiradentes
Município com pouco mais de 70 mil habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ouro Preto ainda mantém sua economia atrelada à mineração, mas também ao turismo. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1980. Dentre tantos sítios e prédios históricos, na Praça Tiradentes encontra-se o Museu da Inconfidência.
Nos anos 1930, Getúlio Vargas pediu a devolução dos restos mortais dos inconfidentes, que se encontravam na África. As ossadas exumadas retornaram ao Brasil em 1937. Em 1938, no antigo prédio da Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica (uma penitenciária), iniciou-se a obra do que se tornaria, em 21 de abril de 1942, 150º aniversário da sentença de morte de Tiradentes, o Panteão dos Inconfidentes, conforme decreto-lei federal à época.
Inaugurado oficialmente em 11 de agosto de 1944, o Museu da Inconfidência é administrado pelo Ministério da Cultura. Em um país cujo slogan do governo federal é “união e reconstrução”, poderíamos esperar tudo, menos o que encontra-se em curso. Dentro do museu, uma bandeira palestina de um lado. E do outro, uma bandeira de Israel, feita com notas de dólares. No meio, a bandeira de Minas com a inscrição “Libertas Quae Sera Tamen“.
Propaganda do Terror
Sou judeu e faço parte da maioria absoluta – de israelenses ou não – que lamenta profundamente essa última onda de violência no Oriente Médio, a partir dos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, pelos bárbaros do Hamas (bebês decapitados, idosos espancados, pais assassinados, mulheres violentadas, jovens sequestrados e pessoas queimadas vivas), que motivaram a violenta campanha de defesa militar de Israel em Gaza.
Nenhum ser humano, digno desta condição, regozija-se ou se sente feliz ao assistir dezenas de milhares de pessoas sendo mortas em uma guerra contra o terror dominante, ou à centenas de milhares, desabrigadas em meio a destruição local. Igualmente, não admite-se desconsiderar o causador e a causa da tragédia. Entendam: não há lado vencedor ou perdedor. Há selvagens (Hamas) e vítimas (palestinos e israelenses).
Ao desconsiderar o contexto e todos os fatos, qualquer julgamento e posição se tornam comprometidos e parciais. Isso é o que vem fazendo, reiteradamente, o governo federal, sobretudo a partir do próprio presidente da República, um histórico aliado de ditadores e ditaduras mundo afora e “simpatizante” de movimentos terroristas sanguinários. Pela importância do cargo e liderança que exerce, Lula, hoje, atua como uma espécie de porta-voz do Hamas no Brasil.
Memória profanada
Manifestações antissemitas tornaram-se cada vez mais frequentes no País sob a justificativa de manifestações pelo fim da guerra ou pelos “direitos humanos” dos palestinos. Mentira! Todos sabem que tais atos são organizados e financiados por entidades ligadas a grupos terroristas e/ou a ditaduras fundamentalistas, principalmente o Irã. Outro dia, às portas do Masp, em São Paulo, vendia-se bottons e camisetas do Hamas.
Desconheço manifestação pela “causa palestina” que não ataque Israel, não pregue o extermínio de judeus, não defenda o fim do estado israelense e que não conte com o apoio de grupos antissemitas. Muito mais que lamentável, é inaceitável o comportamento do governo federal, principalmente do presidente Lula, ao condenar pronta e veementemente qualquer ato de defesa de Israel, enquanto omite-se dos crimes cometidos pelo Hamas.
O Museu da Inconfidência é responsabilidade do governo Lula. A Federação Israelita de Minas Gerais (Fisemg), através de seu presidente, Paulo Dicker, já informou o ocorrido à Conib (Confederação Israelita do Brasil), entidade judaica que trata de assuntos na esfera federal. Dicker lembrou que, todos os atos antissemitas ocorridos em Minas e que demandaram interferência imediata do governo estadual, foram devida e imediatamente tratados pelo governador Romeu Zema e seu vice, Mateus Simões, ambos do partido Novo.
(Importante: Essa coluna contou com a preciosa colaboração do meu colega, Alexandre Borges)
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