Alguém ainda quer desculpas de Lula e do PT?
Eu não quero. Para mim, basta que o eleitor esteja ciente da verdade: o partido roubou e sabotou a democracia
Nem Lula (foto) nem o PT jamais pediram desculpas pelo petrolão. Jamais reconheceram com todas as letras que sabotaram a democracia brasileira por vários anos, desviando dinheiro público para o caixa partidário de modo a pagar campanhas eleitorais e desenvolver atividades “em busca da hegemonia política”.
Sempre que foram cobrados pela famosa “autocrítica”, os petistas reagiram de modo insolente. Foram incapazes de demonstrar um pingo de arrependimento. Declarações de Gleisi Hoffmann ao longo dos anos ilustram isso.“Nós não faremos autocrítica para a mídia e não faremos autocrítica para a direita do país”, disse em 2018 a presidente do partido. “O PT não está pedindo perdão e não precisa de perdão”, afirmou ela em 2020.
“Desculpas é um gesto muito nobre”
Estou falando disso porque nesta segunda-feira, 4, Lula discursou na abertura da 4a. Conferência Nacional de Cultura e teve a cara de pau de cobrar um pedido de desculpas de “setores da sociedade”, a imprensa em particular. O Papo Antagonista abordou o assunto nesta terça-feira, mas é importante insistir nele, até porque a imprensa, na verdade muito dócil ao chefão petista, deixou passar essa fanfarronice.
“Alguns setores da sociedade não sabem pedir desculpas”, afirmou Lula. E prosseguiu, no seu português estropiado (a transcrição é da própria presidência): “Desculpas é um gesto muito nobre. Só tem coragem de pedir desculpa quem tem grandeza. Quem não tem grandeza, mentiu uma vez e continua mentindo o resto da vez.”
Hahahaha. Estou tendo um acesso de risos. Até para Lula é cinismo demais. O homem que capitaneou uma máfia de partidos no assalto aos cofres da Petrobras e de outras estatais, sem jamais admitir essa verdade, reclama “grandeza” do próximo.
O PT sabotou a democracia
Vou repetir pela enésima vez, porque nunca é demais, tendo em vista a impenitência dos culpados: o PT sabotou a democracia. Ao contrário de Jair Bolsonaro, que sonhou com uma virada de mesa brusca, o partido de Lula fez isso como métodos de longo prazo, roubando dinheiro para ampliar o seu domínio eleitoral e barrar o surgimento de alternativas políticas.
Sim, a diferença de métodos é significativa, mas o impulso autoritário está na alma dos dois movimentos. A palavra “hegemonia”, que mencionei acima, faz parte da conversa cotidiana dos petistas. Seu mundo ideal não é o do pluralismo democrático, mas o do partido único.
A verdade nua e crua
Vamos acompanhar até o fim o raciocínio de Lula no seu discurso de segunda-feira. Depois de dizer que pedir desculpas é um gesto de grandeza, ele avança: “Pois a imprensa brasileira vai continuar mentindo sobre a Lava Jato até o fim do milênio. Porque como eles compraram a ideia da Lava Jato do jeito que ela era, não é que não teve erro, pode ter tido erro, mas eles compraram, santificaram algumas pessoas e agora perceberam que as pessoas não eram os santos que eles imaginavam e eles não têm coragem de reconhecer. Não é nem falar mal, é só reconhecer.”
O que foi a Lava Jato na sua essência mais pura? Foi a revelação de um gigantesco esquema de corrupção em que políticos, empresários e funcionários públicos se irmanaram para saquear a Petrobras. Esses são fatos irrefutáveis, que nenhum registro histórico honesto poderá ignorar. Nem Lula tem coragem de negá-los completamente. Ele chega à beira de reconhecer a verdade, mas é freado pelo seu cinismo. “Não é que não teve erro, pode ter tido erro”, diz o fanfarrão.
O que se tornou motivo para controvérsia eterna foi a tradução jurídica da corrupção em prisões, condenações, anulações, leniências. Lula e o PT se apegam a essa controvérsia, em boa medida fabricada pelo STF. Mas eles sabem que a realidade nua e crua da corrupção não pode ser apagada.
O PT roubou e sabotou a democracia. O principal beneficiário desses crimes foi Lula. Estou pouco me lixando para um pedido de desculpas dessa gente. Só quero que o eleitor brasileiro jamais perca de vista essa verdade.
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PS: Pesquisa da Quaest divulgada nesta quarta-feira mostra que as comparações de Lula entre a guerra em Gaza e o Holocausto machucaram sua popularidade, sobretudo entre evangélicos. Como sempre, o petista não pensa em se retratar. No mesmo pronunciamento na Conferência Nacional de Cultura, ele disse que a história ainda vai lhe dar razão. Continue assim, Lula. Não peça desculpas. É isso mesmo.
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