A hipocrisia de Silvio Almeida
Não se pode falar em "islamofobia" no mundo de hoje sem denunciar a China e sua perseguição aos Uigures
Uma mulher judia foi agredida verbalmente no lugar onde trabalha, no litoral da Bahia, e viu produtos de sua loja serem jogados no chão. O ministro dos Direitos Humanos. Silvio Almeida (foto), decidiu que ela não merecia um gesto puro e simples de solidariedade do governo brasileiro.
Ao divulgar uma nota sobre o caso, ele teve de complicar ou qualificar o seu repúdio ao ataque, dizendo que o antissemitismo de que a mulher foi alvo é tão reprovável quanto a “islamofobia”. Isso, apesar de não haver nenhum indício de que a vítima da agressão tenha expressado opiniões contra a religião islâmica, contra os países de religião islâmica, ou sequer contra os palestinos.
Fica assim sugerido, para bons e maus entendedores, que o ódio aos judeus se manifesta porque existe também um ódio aos muçulmanos.
Esse é um raciocínio burro e desonesto.
O sonho dos muçulmanos fundamentalistas
Burro, porque embora o sonho de aniquilar Israel, cultivado por tantos inimigos ao longo das últimas seis décadas, possa ser visto como uma página da história milenar do antisemitismo, a luta dos israelenses para sobreviver como nação jamais assumiu a forma de uma guerra genérica aos muçulmanos.
Dito de outra maneira, destruir o Islã não consta da agenda sionista, nem mesmo na versão mais radical que possa existir, ao passo que apagar os judeus de Israel do mapa e da história é exatamente o sonho dos muçulmanos fundamentalistas, sejam eles terroristas do Hamas ou aiatolás do Irã.
China
O raciocínio também é hipócrita porque, no mundo atual, onde acontece uma perseguição organizada do governo aos cidadãos que professam a religião islâmica? Onde muçulmanos são internados em campos de concentração? Onde há um esforço do Estado para obrigá-los a abandonar sua crença?
A resposta é: na China. E isso não diz respeito apenas aos Uigures, que conquistaram alguma notoriedade na imprensa internacional, mas também a grupos muçulmanos menores e mais discretos, que o regime chinês decidiu não mais tolerar.
Se o propósito do ministro dos Direitos Humanos era denunciar a “islamofobia”, o preconceito contra quem acredita no Corão, a menção à China seria obrigatória. Mas esquerdistas como Silvio Almeida jamais falam mal da China, muito menos levantam contra ela a bandeira dos direitos humanos.
Bem longe
Permitam-me fazer uma pequena especulação. Se algum dia os muçulmanos viessem a ser tão representativos no Brasil quanto são os evangélicos neopentecostais, a esquerda representada por Silvio Almeida seria a primeira a eleger o islamismo como adversário. Não apenas por abominar a pauta de costumes dos religiosos, mas porque os veria como adversários políticos.
Esse é um outro aspecto da hipocrisia do ministro. A esquerda que ele representa está pronta a denunciar a “islamofobia”, mas apenas enquanto o Islã permanecer bem longe.
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