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A articulação política negacionista do governo Lula

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Wilson Lima
2 minutos de leitura 04.06.2024 06:30 comentários
Análise

A articulação política negacionista do governo Lula

Palácio do Planalto erra mais uma vez ao subestimar derrotas sofridas na semana passada na sessão do Congresso

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Wilson Lima
2 minutos de leitura 04.06.2024 06:30 comentários 0
A articulação política negacionista do governo Lula
Foto: Adriano Machado/O Antagonista

Após as derrotas em série no Congresso (e por lavada) vistas na semana passada, era de se esperar que o governo Lula investisse em um ‘freio de arrumação’ para tentar reverter a sensação de fracasso em sua articulação política.

Mas isso não aconteceu.

Na segunda-feira, 3, após a reunião com o chefe Lula, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou as derrotas do governo no Congresso Nacional. Segundo ele, Lula agora tem a real noção do perfil (conservador) do parlamento brasileiro.

Subestimando derrotas

“Nada do que aconteceu na sessão do Congresso Nacional surpreendeu os articuladores políticos do governo (…) o presidente da República e a articulação política têm total noção realista do que é o perfil do Congresso Nacional e da centralidade dos nossos projetos da economia e da área social. E vamos continuar avaliando o resultado do desempenho e avanço a partir dessa pauta.”

Durante a reunião, os responsáveis pela articulação política preferiram enxergar o lado positivo da aprovação das pautas de caráter econômico e subestimaram as derrotas nas pautas de costumes.

Para surpresa de zero pessoas, falha miseravelmente o governo Lula. De novo.

O jogo mudou

Lula precisa entender, de uma vez por todas, que o jogo mudou nos últimos seis anos. As redes sociais revolucionaram a relação do eleitor com a classe política; o presidencialismo de coalizão – instituído durante o governo Fernando Henrique Cardoso – faliu; o Congresso se empoderou; os partidos perderam força e o presidencialismo tupiniquim flerta com o parlamentarismo a cada cinco minutos.

Outra questão acessória, mas não menos importante: o Lula de 2024 não tem a mesma energia de Lula de 2003 ou o de 2010 (seu último ano do segundo governo), nem a mesma estatura política. Lula envelheceu mal, perdeu prestígio, não é mais considerado um ícone pelos seus pares e o presidente da República, infelizmente, ainda não percebeu isso. Em resumo: Lula não é mais visto como um ser iluminado capaz de desatar todos os nós da República; hoje, o petista é visto com um bom articulador político, mas longe de ser brilhante.

Lula e seus parceiros mais próximos, obviamente, nunca vão admitir isso.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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