A articulação política negacionista do governo Lula
Palácio do Planalto erra mais uma vez ao subestimar derrotas sofridas na semana passada na sessão do Congresso
Após as derrotas em série no Congresso (e por lavada) vistas na semana passada, era de se esperar que o governo Lula investisse em um ‘freio de arrumação’ para tentar reverter a sensação de fracasso em sua articulação política.
Mas isso não aconteceu.
Na segunda-feira, 3, após a reunião com o chefe Lula, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou as derrotas do governo no Congresso Nacional. Segundo ele, Lula agora tem a real noção do perfil (conservador) do parlamento brasileiro.
Subestimando derrotas
“Nada do que aconteceu na sessão do Congresso Nacional surpreendeu os articuladores políticos do governo (…) o presidente da República e a articulação política têm total noção realista do que é o perfil do Congresso Nacional e da centralidade dos nossos projetos da economia e da área social. E vamos continuar avaliando o resultado do desempenho e avanço a partir dessa pauta.”
Durante a reunião, os responsáveis pela articulação política preferiram enxergar o lado positivo da aprovação das pautas de caráter econômico e subestimaram as derrotas nas pautas de costumes.
Para surpresa de zero pessoas, falha miseravelmente o governo Lula. De novo.
O jogo mudou
Lula precisa entender, de uma vez por todas, que o jogo mudou nos últimos seis anos. As redes sociais revolucionaram a relação do eleitor com a classe política; o presidencialismo de coalizão – instituído durante o governo Fernando Henrique Cardoso – faliu; o Congresso se empoderou; os partidos perderam força e o presidencialismo tupiniquim flerta com o parlamentarismo a cada cinco minutos.
Outra questão acessória, mas não menos importante: o Lula de 2024 não tem a mesma energia de Lula de 2003 ou o de 2010 (seu último ano do segundo governo), nem a mesma estatura política. Lula envelheceu mal, perdeu prestígio, não é mais considerado um ícone pelos seus pares e o presidente da República, infelizmente, ainda não percebeu isso. Em resumo: Lula não é mais visto como um ser iluminado capaz de desatar todos os nós da República; hoje, o petista é visto com um bom articulador político, mas longe de ser brilhante.
Lula e seus parceiros mais próximos, obviamente, nunca vão admitir isso.
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