Para que serve a Procuradoria Geral da República?
A proximidade do fim do mandato de Augusto Aras à frente da Procuradoria Geral da República (PGR) levanta questionamentos sobre o papel do procurador-geral no Brasil. Como informou Crusoé,...
A proximidade do fim do mandato de Augusto Aras à frente da Procuradoria Geral da República (PGR) levanta questionamentos sobre o papel do procurador-geral no Brasil. Como informou Crusoé, Lula está em busca de alguém que emule o serviço prestado por Aras a Jair Bolsonaro.
Em editorial publicado hoje (25), o Estadão sugere responsabilidade de Aras nos ataques de 8 de janeiro, por omissão durante “uma tempestade perfeita diligentemente fabricada por quatro anos no Planalto” por Bolsonaro. “As perversões da Procuradoria-Geral, ora abusando de seus poderes, ora omitindo-se de seus deveres, contribuíram não pouco para a insegurança jurídica, a polarização política e a desmoralização institucional que corroem a República”, diz o jornal.
“Entrementes, Aras só tirava a cabeça do avestruz do buraco para tentar convencer a população de que as nuvens pretas no firmamento de Brasília eram mera ilusão de ótica num céu de brigadeiro. Fossem os ataques às instituições, fossem as investigações da CPI da Covid ou os indícios de corrupção na saúde e educação, tudo recebia o mesmo e monótono destino: uns ‘procedimentos preliminares’ para cumprir tabela, logo sepultados na gaveta do procurador-geral para gozar de seu descanso eterno”, critica o Estadão.
Segundo o jornal, “ao indicar Aras, Bolsonaro disse que ele seria a ‘rainha’ no xadrez de seu governo, ou seja, a peça mais poderosa na defesa do ‘rei’ e no ataque a seus desafetos”. “Agora que as eleições viraram a mesa, Aras afanou-se em cortejar o novo rei”, diz o editorial, que critica também o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, um “pombo” que “joga todas as peças para fora do tabuleiro” de xadrez.
“No pico da euforia lavajatista, Janot investiu-se de um figurino messiânico, como se a única missão do Ministério Público fosse purgar a política da corrupção ou, antes, purgar a República dos políticos. Para quem tem um martelo, tudo é prego, e nas mãos de Janot todo e qualquer meio – investigações imprecisas e infindáveis, delações inverossímeis, atuações midiáticas ou intromissões na esfera administrativa – era justificado por seus fins redentores. O País paga até hoje pelas denúncias ineptas e maliciosas que sabotaram a gestão de Michel Temer e lanharam a credibilidade do STF”, critica o jornal.
O Estadão finaliza: “O País não precisa nem de um novo Janot nem de um novo Aras (muito menos do mesmo Aras), mas do oposto de ambos. Nem jacobinismo nem servilismo; nem antagonismo ao poder nem alinhamento a ele; nem punitivismo nem garantismo; nem histeria nem apatia; nem alarmismo nem negacionismo; nem um algoz de políticos nem o seu servo – só um servo da lei, algoz daqueles que a violam. Será pedir demais?”
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