Mercado cauteloso com situação fiscal pode afetar juros
A matemágica da equipe econômica parece convencer cada vez menos, e economistas e analistas começam a questionar as contas que levariam ao déficit primário zero no ano que vem...
A matemágica da equipe econômica parece convencer cada vez menos, e economistas e analistas começam a questionar as contas que levariam ao déficit primário zero no ano que vem. Como exposto no O Antagonista na apresentação do Orçamento, as receitas superestimadas do governo são um entrave para o objetivo fiscal, mas, agora, especialistas ouvidos pela imprensa começam a apontar uma possível redução de despesas para fechar as contas.
Nesse cenário, a aprovação da tributação sobre apostas esportivas pela Câmara dos Deputados na noite de ontem com expectativas de arrecadação que variam entre R$ 3 bilhões e R$ 12 bilhões ainda mantém o objetivo muito aquém do necessário. De acordo com o Ministério do Planejamento, o governo vai precisar de um incremento de receita na casa dos R$ 168 bilhões para zerar o resultado primário em 2024.
A descrença no compromisso do Executivo com a responsabilidade fiscal pode afetar as expectativas de juros e mexer com as taxas esperadas. Atualmente, o mercado precifica uma chance de pouco mais de 50% de um corte acima de 50 pontos base na Selic até o fim do ano. Para a semana que vem, há consenso de que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter o ritmo anunciado na reunião passada de 0,5 ponto percentual e baixar a taxa básica de juros para 12,25% ao ano.
No exterior, o anúncio da decisão sobre juros do BCE (Banco Central Europeu), às 9h15, pode mexer com as expectativas sobre o custo do dinheiro no ocidente. Não há consenso no mercado sobre qual caminho os europeus escolherão, e a precificação na curva de juros futuros no continente indica uma leve predileção por um novo aumento de 0,25 p.p., o que levaria a taxa básica local para 4% a.a..
Além disso, os Estados Unidos divulgam os números sobre a inflação ao produtor logo em seguida, às 9h30. O consenso aponta para o número cheio do PPI (Índice de Preços ao Produtor, na sigla em inglês) acelerando na comparação com julho, de 0,3% para 0,4% em agosto. No entanto, o núcleo do PPI deve apresentar retração, passando de 0,3% para 0,2% na leitura mensal – o que tende a ser bem recebido pelos investidores.
No campo das commodities, o minério de ferro continua com o preço pressionado e sobe mais 1,16% em Singapura, cotado a US$ 120,76 a tonelada. Esse é o maior patamar da matéria-prima desde março deste ano, quando chegou a ser negociada na casa de US$ 126. O petróleo também apresenta ganhos neste início de manhã, e o barril tipo Brent subia 1,22%, a US$ 93.
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