STF deveria mandar um São Longuinho para o Ministério da Justiça
O Ministério da Justiça novamente disse não ter provas importantes de algo analisado pelo STF e é a corte quem paga a conta da opinião pública. No lugar deles, mandaria urgente uma estátua de São Longuinho para Flávio Dino...
O Ministério da Justiça novamente disse não ter provas importantes de algo analisado pelo STF e é a corte quem paga a conta da opinião pública. No lugar deles, mandaria urgente uma estátua de São Longuinho para Flávio Dino. O santo da igreja primitiva é, na tradição popular brasileira, capaz de achar qualquer coisa se você der três pulinhos.
Digamos que, por um milagre de São Longuinho, sejam achadas aquelas imagens todas das câmeras do Ministério da Justiça em 8 de janeiro. Ajudaria bastante na forma como o público vê o julgamento que o STF começou hoje, das pessoas envolvidas.
Agora, parece que São Longuinho estava ao lado da ANPR, Associação Nacional dos Procuradores da República. O STF pediu ao Ministério da Justiça informação sobre a solicitação de cooperação internacional no acordo de leniência da Odebrecht. O documento em si está no processo, não se sabe o motivo do pedido.
O Ministério da Justiça alega que fez a pesquisa do documento com as chaves de busca que possuía e não encontrou. A ANPR forneceu então, como resposta ao STF, os números exatos do documento. Então ele foi achado e o ministério informou a Justiça.
Pode ser uma explicação técnica, mas é difícil o povo acreditar. Os servidores do Ministério da Justiça não lembram da cooperação? Aqui não falamos de um documento qualquer, mas de algo muito importante, que não some nem se ignora a existência. Não é um memorando para comprar esferográfica, é a cooperação internacional da Lava Jato.
Depois disso, o ministro dá uma entrevista dizendo que as provas só chegaram da Suíça em 2017, não em 2016. Os tradutores de político abraçam a história e começam a dizer que as provas usadas eram ilegais porque foram usadas antes de chegar ao Brasil.
De novo, vão os procuradores todos à internet mostrar print de documento com a cronologia. O pedido de cooperação do MPF foi feito em 16 de maio de 2016. O acordo de leniência foi celebrado em 1o de dezembro de 2016. A Justiça da Suíça respondeu em outubro de 2017 com o envio das provas.
O acordo de leniência da Odebrecht incluía também outras provas que estavam em território brasileiro e foram entregues diretamente à Justiça, sem necessidade de intermediação do Ministério da Justiça.
Essa salada toda pode parecer que pega mal para Flávio Dino, mas não pega. Os apoiadores do governo entendem que não há limites para provar que a prisão de Lula é injusta e, mais que isso, uma armação para tomar o poder.
Qualquer movimento do ministro nesse sentido, mesmo aqueles que atropelem toda e qualquer regra, será visto pelos apoiadores do governo como um acerto ou até um ato de heroísmo. Os críticos dessa atuação são aqueles que já eram críticos antes. Ou seja, o dividendo político de hoje é positivo para Flávio Dino.
A conta será paga com a imagem do STF, órgão técnico que não tem apoiadores como têm os políticos. Como todo trâmite judicial, estamos diante de algo difícil de explicar. As pessoas acabam lendo o resultado e entendendo que ele seja a explicação do processo.
Para muitos na opinião pública, há a certeza de um conluio entre lulistas e STF para reescrever a história da Lava Jato. Ainda que seja mentira, é ótima politicamente para os apoiadores do PT. O desgaste de imagem vai todo para a conta do tribunal.
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