Crusoé: A influência russa na África
O avanço da influência da Rússia além do Mediterrâneo pode levar 15 países à guerra a partir da próxima semana na África Ocidental, uma das partes...
O avanço da influência da Rússia além do Mediterrâneo pode levar 15 países à guerra a partir da próxima semana na África Ocidental, uma das partes mais populosas do continente. O motivo é o golpe de Estado da semana retrasada no Níger, um país do tamanho do Pará em área e de Minas Gerais em população. A junta militar responsável por depor o presidente Mohamed Bazoum, eleito democraticamente, tem de sair do poder até domingo, 6 de agosto. Caso contrário, o principal bloco regional, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), promete retaliar. Segundo nota oficial, a CEDEAO “tomará todas as medidas necessárias”, o que inclui o uso da força. Em escalada, dois outros regimes de exceção vizinhos, Mali e Burkina Faso, anunciaram apoio militar à junta nigerense em caso de intervenção.
A crise no Níger envolve uma disputa de narrativas sobre o colonialismo europeu. Como a maioria na África Ocidental, o país é ex-colônia da França. Mais de meio século de dominação, que se estende até hoje em algumas áreas, como política monetária, gera ressentimento. “A principal causa do golpe é a divergência entre o governo e parte da alta cúpula militar, mais nacionalista e contrária à influência francesa”, diz Gustavo Feddersen, da Universidade La Salle. No último final de semana, milhares de nigerenses foram às ruas da capital, Niamey, em apoio ao golpe. Além de cartazes críticos à França, eles também erguiam bandeiras da Rússia. Moscou tem se apresentado como alternativa para o Níger, dependente de amparo na economia e na defesa contra grupos jihadistas. Na semana do golpe, Vladimir Putin sediou uma cúpula de integração econômica com dezesseis chefes de Estado de toda a África. E a milícia Wagner, braço militar paralelo do Kremlin e com operações na região, ofereceu ajuda à junta logo após o golpe.
O Níger é um importante aliado do Ocidente. O país…
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