Com Lula em cena, a política não vai se civilizar
A cada vez que abre a boca, Lula (foto) se torna um personagem político mais grotesco. Enquanto escrevo, ouço que ele agradeceu à Africa “por tudo que foi produzido em 350 anos de escravidão”...
A cada vez que abre a boca, Lula (foto) se torna um personagem político mais grotesco. Enquanto escrevo, ouço que ele agradeceu à Africa “por tudo que foi produzido em 350 anos de escravidão”. É perturbador ter no comando do país alguém que se expressa de maneira tão obtusa. Mas não é das bobagens que escapam aos borbotões da boca do presidente que quero falar e sim das declarações que têm método, destinadas a desumanizar seus adversários políticos.
Lula chamou de “animais selvagens” os brasileiros que assediaram o ministro Alexandre de Moraes e sua família no aeroporto de Roma. Não lhe passou pela cabeça simplesmente lamentar o ocorrido e pedir que as autoridades punam com rigor quem tiver cometido crimes. No lugar disso, ele usou palavras de quem deseja manter acesas as hostilidades, e não “eliminar o ódio” da política, como ele alega. Palavras que, além disso, degradam a presidência – assim como os xingamentos que ele dirige ao seu antecessor toda vez que se apodera de um microfone.
Quando acusa os adversários de selvageria, Lula finge não saber que o PT deteve por muito tempo quase que o monopólio da intimidação política, sem que ele jamais tenha mostrado sua santa indignação contra isso.
Basta digitar no Google as palavras “PT” e “agressão” para ver que a história vem de longe. Fiquemos no carinho dedicado à imprensa: há militância petista agredindo repórter com mastro de bandeira em 2006, sufocando fotógrafo durante carreta em 2012, dando chega-pra-lá em cinegrafista diante do Palácio da Alvorada em 2016, intimidando colunista de jornal com gritaria em avião em 2017. Na campanha do ano passado, Lula foi só elogios para Maninho do PT, preso em 2018 por causar traumatismo craniano em um adversário que empurrou contra um caminhão.
Lula nunca se esforçou para domar os maus instintos de apoiadores que acreditam que o porrete é a continuação da política com outros métodos. Ele jamais condenou agressões da esquerda com a mesma veemência que usa hoje contra arruaceiros de direita. A política brasileira tem poucas chances de se civilizar enquanto Lula estiver em cena.
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