Jerônimo Teixeira na Crusoé: E então as multidões voltaram para casa
Último dia do mês. Quase perdi a efeméride. Ou, na verdade, já a perdi: se bem lembro, não havia mais gente na rua ao final de junho de 2013. As...
Último dia do mês. Quase perdi a efeméride. Ou, na verdade, já a perdi: se bem lembro, não havia mais gente na rua ao final de junho de 2013. As grandes manifestações que começaram em São Paulo para depois explodir nas mais diversas cidades brasileiras haviam perdido o ímpeto. Há dez anos, quando via os canais de notícia alternarem imagens de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, eu me perguntava por que aquelas multidões haviam saído às ruas. Desde então, minha pergunta e meu espanto é outro: por que toda essa gente voltou para casa, sem nada ter conseguido ou realizado?
A imprensa já fechou a efeméride, nos dias adequados. Esta Crusoé tratou do assunto na capa, há três semanas. Eu mesmo fui entrevistado pelo Estado de S. Paulo e pelo Estado de Minas, para reportagens sobre os livros que tratam das chamadas Jornadas de Junho – sou autor de Os Dias da Crise (Companhia das Letras), novela cujo protagonista é um participante acidental daquele protesto contra o aumento da passagem de ônibus (“não é só por vinte centavos”) que, duramente reprimido pela polícia paulista, parece ter acordado as massas insatisfeitas país afora. Aos repórteres que me entrevistaram – Daniel Barbosa, do jornal mineiro, e Ruan de Sousa Gabriel, do paulista –, disse que não tinha qualquer interpretação fechada dos eventos de 2013. A ficção, no meu caso, serviu para expressar o pasmo pelo que ocorreu. E, sobretudo, pelo que deixou de ocorrer.
Já participei de alguns protestos de rua, com resultados nulos ou ambíguos. Mas sou cético quanto à eficiência e à pertinência dessa forma de ação política.
Eficiência duvidosa: massas na rua nem sempre…
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