Hoje o presidente Lula fez mais uma daquelas lives ao modelo Jair Bolsonaro. Uma cópia tucanizada das lives semanais instituídas pelo seu antecessor no Palácio da Alvorada. Saiu o coronel Cid (agora alvo da PF); entrou o ex-global Marcos Uchôa. Aquele que tentou ser candidato a deputado federal pelo PSB, mas foi limado pelo próprio partido.

A live do Lula tem cara, cheiro e gosto de programa eleitoral. Vinheta de abertura, cenário pomposo… tudo lindo e maravilhoso. Mas peca pelo conteúdo. Sem ter o que mostrar, resta a Lula usar o seu tempo apenas para atacar adversários. Leia-se principalmente Jair Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A audiência também não foi lá essas coisas: aproximadamente 40 mil views até o final da manhã desta segunda-feira. As de Bolsonaro rendiam em torno de 240 mil views, na pior das hipóteses.

O fato é que Lula insiste nessa tática de rivalizar com Bolsonaro – até nisso copia o seu antecessor. Mas o ex-presidente é carta fora do baralho para 2026. Como mostrou a Crusoé no final de semana na boa matéria de Duda Teixeira e Guilherme Mendes, seus principais aliados (leia-se Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto) já dão como certa a decretação da inelegibilidade do ex-ocupante militar do Palácio do Planalto pelo TSE. Bolsonaro será um bom cabo eleitoral. E só.

Lula, porém, ainda quer manter o antibolsonarismo vivo, aceso, de olho nas próximas eleições. No evento de hoje, isso ficou nítido quando o presidente comparou as duas lives. “Toda vez que a gente vier gravar um programa aqui, eles [os passarinhos] vão participar. Onde você vê isso na gravação do meu adversário? Lá é só ódio”.

O petista esqueceu, porém, que Bolsonaro não realiza grandes lives há pelo menos seis meses. O capitão reformado submergiu. Sabe de suas limitações e das investigações que correm contra ele na Justiça. Neste momento, Bolsonaro luta apenas para não ser preso. Simples assim.

Mesmo assim, Lula não esquece Bolsonaro. O petista precisa de inimigos, precisa insistir na tática do “nós contra eles”, precisa do ódio. Então Lula, se o senhor realmente quer virar a página e trabalhar pela pacificação nacional, esqueça o Bolsonaro. Qualquer tática contrária desta é puro oportunismo político.

Pelo jeito, nem mesmo os passarinhos do Palácio da Alvorada vão convencer Lula a fazer o que é certo.