Rodolfo Borges na Crusoé: “Torcidas únicas”
Sem os adversários, não tem jogo — e isso não vale apenas para o futebol, diz Rodolfo Borges na Crusoé...
Sem os adversários, não tem jogo — e isso não vale apenas para o futebol, diz Rodolfo Borges na Crusoé.
“Antes de escrever o clássico A riqueza das nações (Edipro), Adam Smith publicou Teoria dos sentimentos morais (Folha), descrito por ele mesmo como um ‘ensaio para uma análise dos princípios pelos quais os homens naturalmente julgam a conduta e o caráter, primeiro de seus próximos, depois de si mesmos’. Entre as várias reflexões que compunham esse curso de filosofia moral da Universidade de Glasgow, uma em particular ajuda a entender o clima bélico das redes sociais. Smith constata que regulamos os comportamentos uns dos outros pelo contato social, por sinais físicos. Um cruzar de braços, uma virada de cabeça ou um franzir de testa são o bastante para modelar o discurso de quem está falando algo que não nos agrada. É instintivo e imediato, previne potenciais ofensas – e não existe na rede social.”
“Lembrei do clássico escocês ao ler Forasteiros (Grande Área), as reflexões de um palmeirense maluco que se aventurou durante anos em estádios adversários, primeiro em meio à famigerada Mancha Verde e, após alguns traumas, por conta própria. “Incontáveis fatores levam alguém a se deixar fascinar pela arquibancada, mas creio que nenhum é tão determinante quanto a experiência de ser torcedor visitante”, escreve Rodrigo Barneschi, no livro publicado em 2021. ‘Nada no futebol provoca tamanha profusão de sentimentos ou exige tanto, em termos de renúncias e sacrifícios. Ser torcedor visitante evoca o caráter identitário de pertencer a uma coletividade que se opõe a outra, e integrar esse grupo pode ser tanto um escudo quanto uma razão de viver’.”
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