No G7, Lula cobra reforma da ONU e critica ‘equívocos do neoliberalismo’ No G7, Lula cobra reforma da ONU e critica ‘equívocos do neoliberalismo’
O Antagonista

No G7, Lula cobra reforma da ONU e critica ‘equívocos do neoliberalismo’

avatar
Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 20.05.2023 07:08 comentários
Mundo

No G7, Lula cobra reforma da ONU e critica ‘equívocos do neoliberalismo’

O presidente Lula (foto) discursou neste sábado (20) em sessão de trabalho do G7 em Hiroshima, no Japão. Durante a fala, o petista criticou o que chamou de...

avatar
Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 20.05.2023 07:08 comentários 0
No G7, Lula cobra reforma da ONU e critica ‘equívocos do neoliberalismo’
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula (foto) discursou neste sábado (20) em sessão de trabalho do G7 em Hiroshima, no Japão. Durante a fala, o petista criticou o que chamou de “equívocos do neoliberalismo”, falou em enfrentar “a apologia do Estado mínimo” e sugeriu a reforma no Conselho de Segurança da ONU.

Lula afirmou que a solução para as ameaças sistêmicas atuais “não está na formação de blocos antagônicos ou respostas que contemplem um número pequeno de países” e criticou ainda o protecionismo dos países ricos” , dizendo que há “enfraquecimento do sistema multilateral de comércio”.

“Para enfrentar essas ameaças é preciso que haja mudança de mentalidade. É preciso derrubar mitos e abandonar paradigmas que ruíram”, afirmou.

Sobre a reforma no Conselho de Segurança da ONU para a inclusão de novos membros, Lula afirmou que as Nações Unidas não irão “recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI [sem mudanças estruturais]”.

O presidente também abordou a crise na Argentina. O endividamento externo que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina é causa de desigualdade e requer do FMI que considere as consequências sociais das políticas de ajuste, afirmou.

O presidente participou do encontro chamado “Trabalhando Juntos para Enfrentar Múltiplas Crises”. O G7 reúne Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.

Leia a íntegra do discurso de Lula no G7:

“Quero agradecer ao primeiro-ministro Kishida pelo convite para que o Brasil participasse do segmento ampliado da Cúpula de Hiroshima.

Esta é a 7ª vez que sou convidado de uma reunião do G-7.

Quando aqui estive pela última vez, na Cúpula de L´Áquila em 2009, enfrentávamos uma crise financeira global de proporções catastróficas, que levou à criação do G-20 e expos a fragilidade dos dogmas e equívocos do neoliberalismo.

O ímpeto reformador daquele momento foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo.

A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas.

Houve retrocessos importantes, como o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio. O protecionismo dos países ricos ganhou força e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada. Ninguém se recorda da Rodada do Desenvolvimento.

Os desafios se acumularam e se agravaram. A cada ameaça que deixamos de enfrentar, geramos novas urgências.

O mundo hoje vive a sobreposição de múltiplas crises: pandemia da Covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, uma guerra no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia.

Para enfrentar essas ameaças é preciso que haja mudança de mentalidade. É preciso derrubar mitos e abandonar paradigmas que ruíram.

O sistema financeiro global tem que estar a serviço da produção, do trabalho e do emprego. Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da economia real.

O endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente, e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste.

Desemprego, pobreza, fome, degradação ambiental, pandemias e todas as formas de desigualdade e discriminação são problemas que demandam respostas socialmente responsáveis.

Essa tarefa só é possível com um Estado indutor de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos fundamentais e do bem-estar coletivo.

Um Estado que fomente a transição ecológica e energética, a indústria e a infraestrutura verdes.

A falsa dicotomia entre crescimento e proteção ao meio ambiente já deveria estar superada. O combate à fome, à pobreza e à desigualdade deve voltar ao centro da agenda internacional, assegurando o financiamento adequado e transferência de tecnologia.

Para isso já temos uma bússola, acordada multilateralmente: a Agenda 2030.

Não tenhamos ilusões. Nenhum país poderá enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade.

A solução não está na formação de blocos antagônicos ou respostas que contemplem apenas um número pequeno de países.

Isso será particularmente importante neste contexto de transição para uma ordem multipolar, que exigirá mudanças profundas nas instituições.

Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente.

Não faz sentido conclamar os países emergentes a contribuir para resolver as “crises múltiplas” que o mundo enfrenta sem que suas legítimas preocupações sejam atendidas, e sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global.

A consolidação do G-20 como principal espaço para a concertação econômica internacional foi um avanço inegável. Ele será ainda mais efetivo com uma composição que dialogue com as demandas e interesses de todas as regiões do mundo. Isso implica representatividade mais adequada de países africanos.

Coalizões não são um fim em si, e servem para alavancar iniciativas em espaços plurais como o sistema ONU e suas organizações parceiras.

Sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI.

Um mundo mais democrático na tomada de decisões que afetam a todos é a melhor garantia de paz, de desenvolvimento sustentável, de direitos dos mais vulneráveis e de proteção do planeta.

Antes que seja tarde demais.

Muito obrigado.”

Brasil

Descubra as novas datas e detalhes da restituição do IR 2024

21.05.2024 08:30 3 minutos de leitura
Visualizar

Preocupação com inflação deve manter juros elevados

Rodrigo Oliveira Visualizar

Operação da PF desmantela rede de tráfico de armas de PMs e CACs

Visualizar

Gigantes da IA firmam novos compromissos de segurança

Alexandre Borges Visualizar

Nova Vila Belmiro: Santos e WTorre fazem reunião para alinhar detalhes

Visualizar

901 Vagas em Concursos Públicos de Pernambuco – Inscreva-se já

Visualizar

Tags relacionadas

Conselho de Segurança da ONU discurso G7 íntegra Japão Lula neoliberalismo ONU reunião
< Notícia Anterior

Cortes do Papo: Dep. Evair de Melo no Papo

19.05.2023 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Zelensky chega ao Japão para G7: “Paz estará mais próxima hoje”

20.05.2023 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

O Antagonista é um dos principais sites jornalísticos de informação e análise sobre política do Brasil. Sua equipe é composta por jornalistas profissionais, empenhados na divulgação de fatos de interesse público devidamente verificados e no combate às fake news.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Deputado americano propõe fim do Banco Central

Deputado americano propõe fim do Banco Central

Alexandre Borges
21.05.2024 06:41 4 minutos de leitura
Visualizar notícia
Papa Francisco: "Toda ideologia é ruim"

Papa Francisco: "Toda ideologia é ruim"

Alexandre Borges
21.05.2024 06:24 4 minutos de leitura
Visualizar notícia
Scarlett Johansson sobre ChatGPT imitar sua voz: “chocada”

Scarlett Johansson sobre ChatGPT imitar sua voz: “chocada”

20.05.2024 22:55 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Tempestade de granizo assola Gniezno: Cidade vira rio de gelo

Tempestade de granizo assola Gniezno: Cidade vira rio de gelo

20.05.2024 22:15 2 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.