Serenidade e sadismo
É pura paleontologia, mas eu, Diogo, em 2005, dediquei uma coluna a Marcelo Sereno, preso hoje pela Lava Jato do Rio de Janeiro...
É pura paleontologia, mas eu, Diogo, em 2005, dediquei uma coluna a Marcelo Sereno, preso hoje pela Lava Jato do Rio de Janeiro.
Reproduzo-a aqui apenas por sadismo:
“Marcelo Sereno. Um senador o chamou de PC Farias do PT. Um deputado o definiu como caixa do PT do Rio. Era o principal colaborador de José Dirceu no ministério. Waldomiro Diniz negociava as emendas, Marcelo Sereno, a distribuição de cargos. Quando caiu o primeiro, o segundo também caiu. Luiz Eduardo Soares garante que Marcelo Sereno conhecia o esquema de propinas de Waldomiro Diniz. E ficou calado.
Marcelo Sereno está agora na Secretaria de Comunicação do PT. Foi varrido para baixo do tapete, mas continua a fazer o jogo sujo do governo. Recentemente, mandou uma carta a VEJA em que me acusa de receber dinheiro da indústria nacional de armas para atacar o Estatuto do Desarmamento. Isso eu não topo. Vamos lá. Ponto por ponto.
Primeiro. O Brasil tem uma única fábrica de armas e uma única fábrica de munição, que abastecem o Exército e a polícia. Não recebo dinheiro delas. Não as defendo. Pelo contrário. Quero que se danem. O monopólio privado nesses dois setores deve ser quebrado, porque compromete a segurança nacional. Nossa polícia precisa ter acesso a equipamento de melhor qualidade e mais barato. Os policiais americanos usam a pistola austríaca Glock ou a italiana Beretta. Se os americanos usam pistolas estrangeiras, nós também podemos usar. Quanto à munição, a reserva de mercado é igualmente deletéria. Uma bala no Brasil custa o triplo do que nos Estados Unidos. É tão cara que nossos policiais não podem praticar tiro. Por isso, não acertam no alvo. Por isso, morrem sem parar.
Segundo. Marcelo Sereno fez piquete contra a privatização da Vale do Rio Doce. De lá para cá, ele mudou muito: até passou a aceitar dinheiro das companhias privatizadas, tendo sido indicado pelo BNDES para o cargo de conselheiro de duas grandes empresas de energia. Apadrinhados de Marcelo Sereno estão espalhados na administração pública. Controlam do setor de comunicação na Anatel ao de pesquisas nucleares na INB. Em dois anos, o governo do PT contratou mais de 40.000 servidores. Essa grilagem do Estado foi coordenada por Marcelo Sereno. No período, os gastos federais com pessoal subiram 23,1 bilhões de reais. Se esse dinheiro tivesse sido aplicado no combate à criminalidade, milhares de pessoas teriam sido salvas. Não foi o que ocorreu. Ao mesmo tempo que os gastos com pessoal aumentaram, os investimentos em segurança pública diminuíram. Em 2004, foram só 273 milhões de reais. Os apadrinhados do PT não custam somente dinheiro – custam vidas.
Terceiro. O Ministério da Justiça se baseia em estatísticas do estado de São Paulo para afirmar que, no ano passado, o número de homicídios caiu “em função do Estatuto do Desarmamento”. Lorota. O número de homicídios no estado de São Paulo realmente caiu em 2004. Só que caiu num ritmo ainda mais acentuado em 2003, quando não havia Estatuto do Desarmamento. O mérito pela queda no número de homicídios é do governo estadual, não do federal.
Quarto. Promotores do desarmamento avisam que é perigoso reagir a assaltos. Não reagir também é perigoso. O perigo está nos assaltos, não na reação. O governo inverte a questão para se eximir de responsabilidade.
Quinto. Armas não disparam sozinhas. Claro que acidentes acontecem. Seu filho pode enfiar o dedo na tomada. Pode pular da janela. Pode apertar o gatilho de um revólver. Pode se tornar um PC Farias do PT.”
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