Orlando Tosetto na Crusoé: Corre que lá vem o arcabouço
Acordei meio tarde dia desses e, mal liguei o rádio (eu sou do tempo do rádio, como o Woody Allen), já tacaram no meu peito o tal do “arcabouço fiscal”...
Acordei meio tarde dia desses e, mal liguei o rádio (eu sou do tempo do rádio, como o Woody Allen), já tacaram no meu peito o tal do “arcabouço fiscal”. Ainda meio adormecido, me assustei, porque ouvi “calabouço fiscal” e fiquei com medo tanto de ofender a Democracia sem perceber, quanto de sonegar algum imposto (também sem perceber, claro: imposto é que nem mosca, tem de monte e é difícil distinguir um de outro). Depois repetiram; aí ouvi melhor e me acalmei um pouco: achei que estavam falando desse cipoal que é o mundo dos impostos no Brasil. Aí falaram mais e finalmente entendi que se trata de novidade emanada, qual miasma, do novo governo velho.
Mas que novidade exatamente? De cara me intrigou a palavra “arcabouço”, que é complicada, polissílaba e portanto inimiga do pobre (segundo diz um amigo meu, toda palavra proparoxítona ou com mais de três sílabas foi feita para enganar e atormentar o pobre). Desconfiei. Pensei: tá aí o pulo do gato. Fui ao dicionário, e eis o que descobri:
Arcabouço, s. m. 1. Conjunto dos ossos de um vertebrado. 2. Estrutura óssea do peito. 3. [Por extensão] Constituição física. 4. Estrutura de madeira de uma construção. 5. Traçado inicial de algo; delineamento; esboço.
Entendi, portanto, que o “arcabouço fiscal” é o esboço, o delineamento das intenções ou planos do novo governo velho em relação à nossa taxação. Ou seja: a maneira pela qual o novo governo velho pretende aumentar os impostos. O assunto é palpitante, porque eu, como aliás todos os brasileiros, sou taxadíssimo, e qualquer novidade na área faz meu coração disparar.
Em todo caso, coitado do pobre. Aliás, coitado também do remediado. Mas…
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