Carlos Graieb, na Crusoé: “É preciso consertar a obra de Clarice Lispector”
Não, eu não quero livrar a obra de Clarice Lispector de passagens “incômodas”...
Não, eu não quero livrar a obra de Clarice Lispector de passagens “incômodas”.
Quero sugerir que interpretações estúpidas e censórias podem recair sobre qualquer texto, inclusive sobre aqueles considerados sagrados pelos leitores “virtuosos” de hoje – leitores que não se contentam mais em discutir o contexto em que as obras do passado foram escritas, preferindo purgá-las dos seus supostos pecados ou, simplesmente, bani-las.
Escolhi Clarice por dois motivos: primeiro, porque ela é adorada pela crítica feminista e queer; em segundo lugar, porque ela seria uma escritora muito pior se não prestasse tanta atenção ao corpo de seus personagens.
Clarice, no entanto, não escreve para tranquilizar as pessoas sobre suas rugas ou sua gordura. Nem para dizer que todos os corpos são belos ou coisa que o valha. Não é, em absoluto, uma escritora reconfortante para quem se ocupa das questões políticas (e não literárias) da discriminação e do preconceito. As recompensas de sua obra são outras.
Nos contos e romances de Clarice Lispector, o corpo com frequência é…
Leia mais: Assine a Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)