O ano de 2022 foi marcado pelo acirramento das relações entre Jair Bolsonaro (PL) e o Supremo Tribunal Federal (STF) – uma relação que jamais foi pacífica durante o governo –  especialmente em relação ao ministro Alexandre de Moraes: alçado pelo próprio presidente da República a inimigo número 1 do bolsonarismo.

Bolsonaro nunca escondeu o seu incômodo com a atuação da Corte, e frequentemente dizia que o STF interferia demais e “atrapalhava o destino da nação”.

Em abril, em um claro sinal de afronta ao Poder Judiciário, o chefe do Executivo concedeu indulto ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF a oito anos e nove meses de reclusão em regime inicial fechado, e aplicação de 35 dias-multa de cinco salários mínimos: aproximadamente R$ 190 mil.

Moraes havia determinado, ainda, a perda do mandato político de Silveira e a perda dos direitos políticos.

A escalada do tensionamento entre os poderes atingiu seu ápice quando o chefe do Executivo convocou protestos para 7 de Setembro e chamou ministros do STF de “surdos de capa preta”.

“Esses surdos de capa preta precisam entender: todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Não queremos o Brasil dominado por outras potências. O que nós queremos é paz, tranquilidade, respeito à Constituição, interdependência entre os poderes. Isso não é fácil, mas quem deve dar o norte para nós é o povo brasileiro”, declarou o Bolsonaro em tom de ameaça ao STF.

Ao longo do ano, Bolsonaro não economizou ofensas e xingamentos aos ministros STF.

Mau caráter, mentiroso, filho da p***, criminoso, patife, canalha, moleque foram alguns dos impropérios dirigidos a Luís Roberto Barroso e, principalmente, Alexandre de Moraes em diversos momentos, quando Bolsonaro se sentia contrariado ou ameaçado por decisões dos membros do Supremo.