Apesar de ter sido derrotado nas urnas para Lula por uma diferença de aproximadamente dois milhões de votos, Jair Bolsonaro permaneceu recluso desde o dia 30 de outubro.

A derrota marcou a pausa em uma longa carreira política do capitão reformado do Exército – que, após a saída da caserna, foi vereador por meio mandato, deputado por sete e presidente da República nos últimos quatro anos.

Confrontado com a derrota política pela primeira vez, Bolsonaro não lidou bem com a rejeição.

Os seus perfis em redes sociais, extremamente ativos, emudeceram logo após o resultado – e, enquanto Lula ia para a Avenida Paulista comemorar o resultado, Bolsonaro não saiu do Palácio da Alvorada.

Apenas dois dias depois, ele fez um discurso breve, de menos de dois minutos, onde agradeceu os votos – mas negou-se a reconhecer que Lula o venceu.

Após o breve discurso, ele passou o resto do mês isolado no Alvorada, inclusive tratando de uma infecção, fruto de uma erisipela. Formou-se, então, um paradoxo: Bolsonaro era um presidente, mas Lula assumiu as rédeas dos compromissos de chefe de Estado.

O petista foi recebido na COP27, no Egito e depois na Europa e atuou pela aprovação de uma emenda constitucional que garantiu o pagamento do novo Bolsa Família no valor de R$ 600.

No início de dezembro, Bolsonaro reativou o “cercadinho” no Palácio do Alvorada – onde em uma única ocasião rompeu o silêncio. Em um momento onde os seus apoiadores mais radicais estiveram envolvidos em tentativas de invasão à sede da Polícia Federal, ele ia ao espelho d’água da residência oficial ouvir gritos de “Fica, Bolsonaro”.

Dia 1º de Janeiro, Bolsonaro não será mais presidente. Se ele entregará sua faixa e, principalmente, o que ele fará a partir de então, permanecerá um mistério até que ele resolva falar novamente.