Qual o problema do mercado com Mercadante?
O mercado ficou abalado com a ida de Aloizio Mercadante para o BNDES, mas é uma injustiça. O petista histórico tem uma história com o BNDES, assim como tem com Benjamin Steinbruch, empresário histórico com outra longa história com o BNDES. Há 25 anos, essas histórias se cruzaram...
O mercado ficou abalado com a ida de Aloizio Mercadante para o BNDES, mas é uma injustiça. O petista histórico tem uma história com o BNDES, assim como tem com Benjamin Steinbruch, empresário histórico com outra longa história com o BNDES. Há 25 anos, essas histórias se cruzaram com o então assessor do Sindicato dos Bancários atuando como peça chave na formação do consórcio liderado por Steinbruch para comprar a Vale, incentivando a entrada da Previ e do BNDES no negócio.
O caso causou alguma comoção, mas ninguém foi investigado ou punido. A impunidade por aqui também é histórica. Flagrado pela imprensa, Mercadante saiu-se com a desculpa de que a privatização se tornara inevitável e que precisava trabalhar para impedir que a empresa passasse para as mãos do capital internacional.
“Na condição de assessor econômico, aconselhei os funcionários do Banco do Brasil, através de seus representantes eleitos na direção da Previ, que buscassem uma aliança com os grupos de capital nacional, articulados a partir da CSN, para a formação de um consórcio nacional para disputar o leilão”, explicou, sem corar.
Sobre sua gestão ter beneficiado Steinbruch, ele reiterou a “amizade pessoal, antiga e pública” com o empresário, que também liderou o consórcio que comprou a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
A amizade pessoal, antiga e pública do petista com o empresário foi herdada por seus filhos.
Pedro Barros Mercadante Oliva é sócio de Victoria Steinbruch na CBSI (Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura), além de assessor da Presidência da CSN desde 2019 e diretor financeiro e de relações com investidores da CSN Mineração desde janeiro de 2021.
Em seu currículo, ele empilha os cargos de presidente do conselho de administração da Equimac S.A., membro suplente dos conselhos da Transnordestina Logística S.A. e da FTL – Ferrovia Transnordestina Logística S.A. (todas controladas ou controladas em conjunto da CSN), membro do conselho fiscal da Fundação CSN, membro suplente do Conselho Deliberativo da Caixa Beneficente dos Empregados da Companhia Siderúrgica Nacional – CBS e membro do Conselho de Administração da Mitre Realty.
“Nos últimos 5 anos foi cofundador e é sócio e membro do Conselho da Brasil Student Housing, empresa focada no desenvolvimento e operação de residências estudantis no Brasil e consultora especializada de FIP focado neste segmento. Também foi sócio da Leste Investimentos com atuação em private equity, vice-presidente e membro do Conselho de Administração da Petra Energia, membro do Conselho de Administração da Vicenza Mineração, membro do Conselho de Administração da Parnaíba Geração e Comercialização de Energia e membro fundador do URBEM (Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole).”
Apesar do histórico discurso contra o capital, o filho do petista tem criação de elite. Graduou-se em economia pela USP, cursou master em finanças em Cambridge e fez workshops de liderança empresarial nas escolas de negócios de Harvard e Wharton.
Outro parente empresário muito bem sucedido é o irmão de Mercadante, o coronel da reserva Oswaldo Oliva Neto. Coronel Oliva foi chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, depois abriu uma consultoria (Penta Prospectiva Estratégica) e passou a atuar em vários projetos de reaparelhamento das Forças Armadas no governo Lula, como os bilionários contratos de submarinos e helicópteros, assim como na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016.
Em 2010, a Penta se uniu à Odebrecht Defesa e Tecnologia, criando a Copa Gestão em Defesa, mais tarde adquirida pela Mectron, que igualmente firmou contrato — sem concorrência — com a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa, estatal de projetos criada por Dilma para atuar no Prosub. Muito bem relacionado com o mercado, Oliva chegou a ocupar o cargo de diretor de integração de projetos na Odebrecht Defesa e Tecnologia.
Para acalmar o mercado de capitais, Lula poderia indicar o filho ou talvez o irmão de Mercadante para comandar o BNDES. Mas não vejo necessidade, pois me parece que o capital está no DNA da família.
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