Quem perdeu o debate
Senti um estranho alívio ontem ao fim do debate presidencial na Globo. Explico: toda vez que Jair Bolsonaro resgatava fatos pretéritos envolvendo a gestão de Lula, especialmente ligados à corrupção, eu tinha a sensação de que Alexandre de Moraes ia entrar no palco...
Senti um estranho alívio ontem ao fim do debate presidencial na Globo. Explico: toda vez que Jair Bolsonaro resgatava fatos pretéritos envolvendo a gestão de Lula, especialmente ligados à corrupção, eu tinha a sensação de que Alexandre de Moraes ia entrar no palco — o que, felizmente, não ocorreu. O anticlímax foi quando Bonner, que deveria ser apenas um moderador, se autoconcedeu direito de resposta para defender Lula.
Para quem me pergunta quem ganhou o debate, digo que não consigo enxergar o enfrentamento entre o atual presidente e o ex-presidente em rede nacional, como uma ‘exhibition fight’.
Até tracei algum paralelo com a luta entre Evander Holyfield e Vitor Belfort, ocorrida há um ano num cassino de Miami. Belfort nocauteou no primeiro round o pentacampeão dos pesos pesados. O resultado, porém, não deixou sequer um arranhão na imagem pública do americano. Belfort segue com a fama do bad boy.
Se o árbitro da luta fosse Moraes, provavelmente daria a vitória a Holyfield e expulsaria Belfort do ringue alegando golpe baixo.
Volto à sensação de alívio. No debate de ontem, Lula e Bolsonaro desfrutaram das mesmas condições de “temperatura e pressão” para tentar convencer o eleitor. Mentiram bastante, mas também falaram grandes verdades. Verdades que não podem ser editadas por um tribunal, pois elas estão gravadas nos anais da história e disponíveis no Google em diferentes versões, inclusive ilustradas. Essa é a grande beleza da democracia! Cada cidadão deve ter a liberdade de buscar a verdade por conta própria, sem auxílio de tutores.
Enquanto Moraes planeja apertar o garrote das ‘fake news’, inclusive em torno da imprensa tradicional e mesmo depois da eleição, os eleitores que distinguem facilmente mentira e manipulação de verdade nua se avolumam. Eles também começam a perceber que a Justiça no Brasil tem sido aplicada por juízes que se orgulham de dizer que julgam sem a ‘venda sobre os olhos’.
Posso até cravar quem foi o grande derrotado ontem.
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