Eu vi a coroação da rainha Elizabeth II
Minha filha caçula, cidadã britânica, casada com um inglês, mora na cidade de Stevenage, a meio caminho entre Londres e Cambridge...
Minha filha caçula, cidadã britânica, casada com um inglês, mora na cidade de Stevenage, a meio caminho entre Londres e Cambridge.
Outro dia, conversando comigo pelo FaceTime, ela me disse que eu não me limito a estudar História.
“Pai, você assistiu a História.”
Pensando bem, não é que ela tem um pouco de razão.
Em dezembro de 1952, apenas sete anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, minha família (agora estou falando de mim, de meus pais e irmãos) se mudou do Rio de Janeiro para Londres.
Meu pai foi fazer doutorado na London School of Economics. Os filhos, estudar em colégios católicos, dos quais minha mãe não abria mão.
Chegamos lá uma semana após o terrível fog daquele ano (The Great Smog of London) que resultou em 4.000 mortes, parte devido a doenças pulmonares contraídas na fumaça, parte a acidentes, tais como atropelamentos.
Quem viu a série The Crown, na Netflix, sabe do que estou falando.
Elizabeth já era rainha desde fevereiro daquele ano, mas só seria coroada em junho, mais precisamente no dia 2.
Pois bem, eu estava lá e assisti à coroação. Não no interior da abadia de Westminster, of course, mas numa arquibancada armada no The Mall, famosa avenida, de asfalto vermelho, que vai do palácio de Buckingham até Trafalgar Square, passando pelo Admiralty Arch.
Passadas sete décadas, me lembro de cada detalhe do desfile.
Com 27 anos de idade, e tendo ao lado o marido, príncipe Phillip, Sua Majestade passou em uma carruagem dourada.
Antes, desfilaram os carros da família real e diversos grupamentos das forças armadas britânicas, inclusive um pelotão dos famosos gurkhas, então considerados os melhores e mais valentes soldados do mundo.
Nos céus, caças Spitfire lembravam um passado glorioso, não tão remoto assim. Canhões trovejavam em salvas festivas.
Para um menino de 13 anos, como eu, aquilo tudo era um verdadeiro sonho.
Agora Elizabeth II deverá participar de novo cortejo, que com certeza será assistido, pela TV, por mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo.
Eu gostaria de estar lá, no meio da multidão. Assim teria assistido o começo e o fim da era de Elizabeth Regina.
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Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.
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