O melhor resultado da temporada: você não esperava por essa
Foi ainda em março deste ano que contei a história do patinho feio, em que uma empresa estava sendo maltratada pelo mercado em nome do famigerado “cenário macroeconômico”...
Foi ainda em março deste ano que contei a história do patinho feio, em que uma empresa estava sendo maltratada pelo mercado em nome do famigerado “cenário macroeconômico”. O que ele não contava era que o seu desafiante, a microeconomia, poderia revidar com tanta força.
Na época, o patinho feio era a M. Dias Branco (MDIA3), que tinha acabado de apresentar seus resultados referentes ao primeiro trimestre. Eles revelavam as dificuldades com os reflexos da guerra na Europa e com a forte alta do seu principal insumo, o trigo (foto), que naquele período estava sendo negociado a R$ 56 por bushel. Suas margens estavam apertando, mas, mesmo assim, a gestão conseguia entregar resultados positivos. E, como comentei, isso era de tirar o chapéu.
De lá para cá, aparentemente, o patinho feio virou cisne. De um trimestre para o outro, a companhia não só conseguiu melhorar significativamente seus resultados —realizando a tão esperada política de repasse de preços— como seus investidores embolsaram uma valorização de incríveis 83% (imagem abaixo) num período em que o índice caiu 3%.
Fonte: Trading View
Grande parte desse fortíssimo desempenho é atribuído ao excesso de pessimismo e à grande quantidade de posições vendidas que a companhia vinha atraindo. Tanto gestoras renomadas quanto casas de análise classificaram a empresa como uma potencial venda a descoberto. Isso inclusive, em minha opinião, levou a ação a ter alguns dias notáveis de forte valorização por conta das zeragens, como foram os 8% no dia 6 de julho e, principalmente, os 17% de hoje, após a divulgação dos resultados do segundo trimestre.
E falando dele: por que considerei esse o melhor resultado da temporada? Claro, essa é uma classificação completamente subjetiva, mas intitulei esse como o melhor devido ao tamanho da discrepância entre as expectativas de mercado e os números apresentados.
Essa superação começa já na primeira linha, na receita que, como comentei anteriormente, foi muito influenciada pelo aumento de preço de seus produtos. O preço médio por quilograma aumentou 19% em relação ao trimestre anterior —e o mais inesperado foi que isso não acarretou uma queda do volume no período, mas uma alta de 12%. Consequentemente, a receita registrada, de R$ 2,5 bilhões, foi ainda maior que a esperada, de R$ 2,3 bilhões.
Vemos um padrão parecido nas demais linhas. O lucro operacional (Ebitda) foi de R$ 357 milhões, e a expectativa era de R$ 224 milhões (resultado 60% maior). Já o lucro final ficou na casa dos R$ 233 milhões, enquanto o esperado era de R$ 120 milhões (resultado 95% maior).
A ação da M. Dias Branco (MDIA3) era, e ainda é, uma das recomendações da minha carteira de ações para uma vida, a Top Pix, e serve como exemplo do que potencialmente uma boa empresa pode entregar, mesmo em meio a um cenário adverso. Para acompanhar a carteira e descobrir quais são as outras ações que estão por lá, clique aqui.
Nícolas Merola, analista CNPI na Inv Publicações.
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