A realidade não é uma guerra de opiniões
Fernão Lara Mesquita escreveu um artigo excelente para o Estadão, cujo título é "A libertação está nos fatos"...
Fernão Lara Mesquita escreveu um artigo excelente para o Estadão, cujo título é “A libertação está nos fatos”. Ele destaca uma reportagem de O Globo, sobre a obesidade do Estado petista, para desancar a imprensa, hoje pouco interessada nos fatos e mais propensa a transformar a realidade numa guerra de opiniões.
E os fatos da reportagem de O Globo são estarrecedores. Leiam esses dados que Fernão Lara Mesquita reproduziu:
“Na segunda-feira, 19, O Globo publicou nova reportagem da série Cofres Abertos, sobre a realidade do Estado petista. O título era Remuneração em ministério vai até R$ 152 mil. Eis alguns dados: Lula acrescentou 18,3 mil funcionários à folha da União em oito anos. Em apenas quatro Dilma enfiou mais 16,3 mil. Agora são 618 mil, só na ativa; 103.313 têm “cargos de chefia”. Os títulos são qualquer coisa de fascinante. Há um que inclui 38 palavras: ‘chefe de Divisão de Avaliação e Controle de Programas, da Coordenação dos Programas de Geração de Emprego e Renda…’ e vai por aí enfileirando outras 30, com o escárnio de referir um acinte desses à ‘geração de emprego e renda’…
O ‘teto’ dos salários é o da presidente, de R$ 24,3 mil. Mas a grande tribo só de caciques constituída não pelos funcionários concursados ou de carreira, mas pelos “de confiança”, com estrela vermelha no peito, ganha R$ 77 mil, somadas as “gratificações”, que podem chegar a 37 diferentes. No fim do ano tem bônus ‘por desempenho’.. A Petrobras distribuiu mais de R$ 1 bilhão aos funcionários em pleno ‘petrolão’, depois de negar dividendos a acionistas. A Eletronorte distribuiu R$ 2,2 bilhões em ‘participação nos lucros’, proporcionados pelo aumento médio de 29% nas contas de luz dos pobres do Brasil, entre os seus 3.400 funcionários. Houve um que embolsou R$ 152 mil.
A folha de salários da União, sem as estatais, que são 142, passará este ano de R$ 100 bilhões, 58% mais, fora inflação, do que o PT recebeu lá atrás.
Essa boa gente emite 520 novos ‘regulamentos’ (média) todo santo dia. Existem 49.500 e tantas ‘áreas administrativas’ divididas em 53 mil e não sei quantos ‘núcleos responsáveis por políticas públicas’! Qualquer decisão sobre água tem de passar pela aprovação de 134 órgãos diferentes. Uma sobre saúde pública pode envolver 1.385 “instâncias de decisão”. Na educação podem ser 1.036. Na segurança pública, 2.375!”
Os fatos libertam, sim, mas quando não são escondidos até mesmo por quem os publica. Infelizmente, eles têm sido ocultados, como mostra Fernão Lara Mesquita, que conclui: “A imprensa nacional está devendo muito mais à democracia brasileira do que tem cobrado aos outros nas suas cada vez mais segregadas páginas de opinião”.
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