Bolsonaro pode se beneficiar de investigação frágil
Todos ouvimos o áudio em que Milton Ribeiro fala do "pedido especial" de Jair Bolsonaro para que o Ministério da Educação atendesse prioritariamente prefeituras ligadas ao pastor Gilmar Santos. Vimos as visitas dele e de seu parceiro Arilton Moura à Presidência e ao MEC, assistimos ao depoimento de um prefeito assediado pelos lobistas a pagar, em barra de ouro, a 'comissão' para liberação dos repasses...
Todos ouvimos o áudio em que Milton Ribeiro fala do “pedido especial” de Jair Bolsonaro para que o Ministério da Educação atendesse prioritariamente prefeituras ligadas ao pastor Gilmar Santos.
Vimos as visitas dele e de seu parceiro Arilton Moura à Presidência e ao MEC, assistimos ao depoimento de um prefeito assediado pelos lobistas a pagar, em barra de ouro, a ‘comissão’ para liberação dos repasses.
Esse trabalho foi feito pela imprensa.
Cabia à Polícia Federal aprofundar as denúncias com investigações capazes de confirmar a dinâmica do esquema e o fluxo da propina entre os integrantes da suposta organização criminosa.
Não há nada disso no relatório da Polícia Federal que subsidiou a decisão do juiz Renato Borelli pela prisão preventiva, o que explica a facilidade com que o desembargador Ney Bello a derrubou hoje cedo.
A PF reproduziu uma transferência de R$ 30 mil reais entre dois investigados e o depósito de R$ 60 mil da filha de Arilton para a mulher de Ribeiro, lastreado na venda de um veículo. São transações comerciais, por certo. Nada têm de ilícitas, a princípio.
Por isso, o MPF endossou o pedido de afastamento do sigilo bancário dos alvos para aprofundar a apuração, mas foi contra a prisão neste momento. Esse era o caminho natural, mas Borelli optou por um atalho.
O problema de investigações malfeitas e decisões judiciais precipitadas é que elas tendem a fortalecer os investigados e seu entorno político. Em ano eleitoral, esse risco é ainda maior.
Foi assim, no ano passado, quando policiais foram autorizados a realizar buscas nas casas de Ciro e Cid Gomes, acusados de integrarem esquema de propina na construção da Arena Castelão.
Nas duas oportunidades, a Justiça ignorou as manifestações contrárias do Ministério Público Federal e acolheu os pedidos da PF. No caso de Ciro, o TRF-5 anulou as buscas. Não é difícil que aconteça o mesmo com o caso de Ribeiro.
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