Justiça espanhola vai rastrear contas de líderes de esquerda delatados por ex-general chavista
O juiz Manuel García-Castellón, do Tribunal Central de Instrução da Espanha, autorizou a Unidade de Crimes Econômicos e Fiscais (UDEF) da Polícia a rastrear as contas bancárias de Juan Carlos Monedero e Carolina Bescansa, cofundadores do partido de esquerda Podemos. Eles foram delatados por Hugo Carvajal, ex-chefe da Inteligência de Hugo Chávez...
O juiz Manuel García-Castellón, do Tribunal Central de Instrução da Espanha, autorizou a Unidade de Crimes Econômicos e Fiscais (UDEF) da Polícia a rastrear as contas bancárias de Juan Carlos Monedero e Carolina Bescansa, cofundadores do partido de esquerda Podemos. Eles foram delatados por Hugo Carvajal, ex-chefe da Inteligência de Hugo Chávez.
Segundo o jornal “Ok Diário”, o ex-general chavista relatou, em delação premiada, que entregou a Monedero milhares de dólares, em malas diplomáticas e através de empresas de fachada venezuelanas sediadas em território espanhol.
Em 2018, Monedero visitou Lula na cela da Polícia Federal, em Curitiba, e depois deu uma rápida entrevista, alegando condições precárias da prisão — o petista foi acomodado numa cela com frigobar, TV e esteira ergométrica — e acusando os EUA de minarem a democracia na América Latina. “A democracia no Brasil se chama Lula”, disse.
Como a Crusoé publicou, em outubro do ano passado, Carvajal contou em sua colaboração que o governo venezuelano também teria financiado outros políticos da esquerda latino-americana, inclusive Lula. Até o momento, porém, não foram divulgados mais detalhes da acusação. A PGR de Augusto Aras tampouco solicitou cooperação internacional para apurar a denúncia.
Na Espanha, o esquema criminoso de financiamento político, delatado por Carvajal, quase foi para o arquivo, após decisão da procuradora-geral Dolores Delgado, nomeada pelo atual presidente, Pedro Sánchez, com quem Lula se reuniu logo após a denúncia vir à tona. Sánchez é do PSOE, de centro-esquerda e aliado do Podemos, de Monedero.
Segundo relato de Carvajal, Monedero era uma espécie de arrecadador do Podemos junto à ditadura venezuelana. Para sustentar suas alegações, o ex-militar chavista entregou provas, como ordens de pagamento realizadas pela petroleira PDVSA a empresas de fachada venezuelanas sediadas em território espanhol — método semelhante ao usado no petrolão.
“Meu informante recolheu o dinheiro na Embaixada de Cuba na Venezuela e o entregou a Williams Amaro, que o levou ao Hotel Meliá Caracas e o entregou a Juan Carlos Monedero”, disse Carvajal, citando secretário de Nicolás Maduro”, segundo o OK Diário.
“Lembro-me de um informe de uma entrega de US$ 600 mil dólares a William Amaro, vindo da Embaixada de Cuba na Venezuela. Acompanhei essa entrega para localizar o destino da operação. De fato, Amaro chegou ao Hotel Meliá com uma mala na mão, entrou no quarto de Juan Carlos Monedero e saiu 30 minutos depois sem a mala”, detalha Carvajal.
A complexa engenharia financeira para a lavagem desses fundos — há suspeita que tenham origem no narcotráfico — incluía o uso de offshores sediadas em paraísos fiscais no Caribe. A Justiça espanhola espera rastrear o caminho do dinheiro, entre os anos 2011 e 2018. Carvajal está preso na Espanha e teve pedido de extradição aos EUA suspenso, em março.
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