Despreparo e selvageria
A Polícia Rodoviária Federal protagonizou em poucos meses episódios recorrentes de selvageria e despreparo. O mais recente ocorreu ontem, em Sergipe, onde três agentes espancaram um morador e o sufocaram até a morte no porta-malas da viatura, usando uma bomba de gás lacrimogêneo...
A Polícia Rodoviária Federal protagonizou em poucos meses episódios recorrentes de selvageria e despreparo. O mais recente ocorreu ontem, em Sergipe, onde três agentes espancaram um morador e o sufocaram até a morte no porta-malas da viatura, usando uma bomba de gás lacrimogêneo.
Genivaldo Santos, 38 anos, tinha problemas mentais e teria reagido a uma abordagem dos policiais. Em nota, a PRF disse ter usado “técnicas de menor potencial ofensivo”. Difícil saber o que pode ser mais ofensivo, moralmente falando, que assistir a uma execução a sangue frio de um homem inocente, desarmado e imobilizado.
Ontem, também foi a missa de 7º dia de dois agentes da PRF, mortos por um homem drogado durante blitz na BR-116, no Ceará. Após entrarem em luta corporal, o sujeito conseguiu pegar a pistola de um deles e os executou em via pública.
Na terça-feira, a PRF apoiou a operação do Bope na Vila Cruzeiro, no Rio, que terminou com 26 mortos — até o momento. O objetivo oficial era prender criminosos de outros estados que cruzaram a fronteira fluminense. Não houve prisões, apenas execuções. No mesmo complexo de favelas da Penha, em fevereiro, outra ação conjunta entre Bope e a PRF terminou com 8 mortos.
Ontem, Jair Bolsonaro parabenizou os policiais e lamentou as mortes de inocentes. Efeito colateral. O chefe da PRF, Silvinei Vasques (foto), que era superintendente no Rio até assumir o comando-geral, conta com a bênção presidencial e uma portaria que garante 100 anos de sigilo sobre os processos disciplinares dos quais é alvo. Quase uma dezena.
No governo Jair Bolsonaro, a PRF ganhou prestígio e poder de fogo. Na capital fluminense, conta com uma poderosa central de inteligência, com capacidade de monitoramento telefônico e verba para operações sigilosas. O grupo de operações especiais tem acesso a armamento pesado. Sem comando e controle, torna-se um perigo para si mesma e para a sociedade.
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