Tiro no peito
Ao procurar a data de aniversário da Crusoé, reli o número zero da revista, publicado em 2 de maio de 2018. A capa era sobre a fortuna dos filhos de Lula. Quatro anos depois, a reportagem caducou de maneira constrangedora: “Até ser finalmente preso e recolhido a uma saleta de quinze metros quadrados transformada em cela na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o que pôde para se colocar na condição de vítima da Lava Jato e, em especial, do juiz Sergio Moro...
Ao procurar a data de aniversário da Crusoé, reli o número zero da revista, publicado em 2 de maio de 2018.
A capa era sobre a fortuna dos filhos de Lula. Quatro anos depois, a reportagem caducou de maneira constrangedora:
“Até ser finalmente preso e recolhido a uma saleta de quinze metros quadrados transformada em cela na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o que pôde para se colocar na condição de vítima da Lava Jato e, em especial, do juiz Sergio Moro. Por mais de uma vez, em declarações públicas e em conversas reservadas, Lula se queixou dos efeitos da investigação sobre sua família. O petista, que antes já havia atribuído a morte prematura da ex-primeira-dama Marisa Letícia aos supostos excessos dos investigadores, passou a dizer que a vida pessoal de seus filhos também foi devastada pela operação. ‘Eu tenho todos os meus filhos desempregados. Todos. Ninguém consegue arrumar emprego’, lamentou o ex-presidente em uma dessas ocasiões. Pura choradeira.
A cantilena de Lula, evidentemente, tinha por objetivo dar cores mais fortes à narrativa da perseguição que ele diz sofrer. Nada mais longe da realidade. Mesmo com o pai na prisão, os filhos do ex-presidente condenado vivem uma vida que desmente o tal quadro de penúria descrito por ele. Um levantamento feito por Crusoé dá a dimensão da ascensão social da família, em grande parte experimentada no período em que Lula esteve no poder.”
Minha coluna, por outro lado, tornou-se ainda mais atual. É uma homenagem profética a Volodymyr Zelensky, que pede armas às democracias ocidentais a fim de combater a tirania de Vladimir Putin:
“O homem civilizado precisa de uma arma.
É o que ensina Robinson Crusoé.
O protagonista do romance de Daniel Defoe – todo mundo conhece a trama – naufraga na Ilha do Desespero, na foz do Orinoco, na Venezuela.
Em vez de se reduzir a um estado selvagem, ele reproduz na ilha deserta o que a sociedade civilizada tem de mais essencial.
Robinson Crusoé passa vinte e oito anos na Ilha do Desespero.
Nas próximas vinte e oito semanas, eu, Diogo, na minha Ilha do Desespero, vou listar tudo aquilo de que Robinson Crusoé precisou para construir um simulacro de vida civilizada na distopia tropical.
Item número 1: uma arma.
Ou melhor: um arsenal.
Nos restos de seu navio naufragado, Robinson Crusoé encontra duas espingardas e duas pistolas, além de pólvora e duas espadas enferrujadas.
Em seguida, ele encontra também sete mosquetes, dois barris de balas e mais uma espingarda.
Com as armas, ele mata aves, bodes e gatos selvagens, para se alimentar ou se defender.
Ele mata também dois canibais que se preparam para comer Sexta-Feira, o índio que ele converte para o cristianismo e que se transforma em seu servo.
Depois de algum tempo na Ilha do Desespero, Robinson Crusoé comenta com ele mesmo (ele sempre fala sozinho):
‘O que eu teria feito sem uma arma, sem munição?’
Ele teria morrido.
O homem civilizado precisa de uma arma. Sim, pode ser uma arma metafórica, mas tem de disparar balas de verdade.”
O Brasil, nesses quatro anos, resolveu apontar a arma contra o próprio peito.
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