Simone Tebet: "Moro nunca foi alijado do processo" Simone Tebet: "Moro nunca foi alijado do processo"
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Simone Tebet: “Moro nunca foi alijado do processo”

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Diego Amorim
8 minutos de leitura 07.04.2022 13:56 comentários
Entrevista

Simone Tebet: “Moro nunca foi alijado do processo”

Em entrevista exclusiva a O Antagonista na manhã desta quinta-feira (7), a senadora Simone Tebet, pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, disse que Sergio Moro "nunca foi alijado" do processo de tentativa de construção de uma candidatura única do chamado Centro Democrático...

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Diego Amorim
8 minutos de leitura 07.04.2022 13:56 comentários 0
Simone Tebet: “Moro nunca foi alijado do processo”
Divulgação/MDB

Em entrevista exclusiva a O Antagonista na manhã desta quinta-feira (7), a senadora Simone Tebet, pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, disse que Sergio Moro “nunca foi alijado” do processo de tentativa de construção de uma candidatura única do chamado Centro Democrático.

Ela afirmou que o ex-juiz da Lava Jato saiu “de forma antecipada” do processo ao decidir migrar para a União Brasil. A senadora, que tem uma boa relação com Moro, avalia que ele fez “articulações, gestos e movimentos equivocados”, por “não entender o jogo político”.

Ao contrário das análises predominantes dos últimos dias, Simone Tebet sustenta que a Terceira Via não implodiu (“Muito pelo contrário”). No entender dela, mesmo sem Moro, o grupo conseguirá apresentar um nome alternativo a Lula e Jair Bolsonaro até 18 de maio, conforme anunciado ontem por dirigentes de MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania. Ela reforçou que, posteriormente, até o PDT, de Ciro Gomes, poderá somar.

Simone também foi provocada a fazer um balanço da Terceira Via até aqui. Ao ser questionada sobre a viabilidade eleitoral de Luciano Bivar, presidente da União Brasil que também se coloca como pré-candidato, evitou tecer qualquer crítica. A senadora pelo Mato Grosso do Sul, prestes a concluir seu primeiro mandato, afirmou, ainda, que se sente preparada para ser a candidata do centro, mas ponderou que os dirigentes partidários receberam “carta branca e procuração” para fazer a escolha.

Leia a íntegra da entrevista:

A Terceira Via, Centro Democrático ou algo que o valha implodiu?

Muito pelo contrário. Especialmente ontem, demos a demonstração de que o centro está mais unido do que nunca. Nós somos um palco constante de diálogo e de parceria. Há um respeito muito claro pelo tempo de cada partido. Não é fácil construir uma única via, tendo hoje já quatro partidos juntos. Mas demos ontem uma demonstração clara, repito, de que não somos só palco de diálogos e de debates, mas, sim, de parceria.

Há um centro de convergência, de união e até de equilíbrio de forças partidárias, respeitando a força particular de cada partido. Um partido [União Brasil] tem mais fundo partidário e tempo de televisão; outro [MDB] tem mais história, mais capilaridade, com o maior número de prefeitos e vice-prefeitos; outro [PSDB] governa o maior estado da Federação brasileira; e um quarto [Cidadania] tem na experiência e na história de seus representantes condições de somar conosco.

A Terceira Via reacendeu na opinião pública a chance de construirmos uma única via importante e necessária para pacificar a política no Brasil, como primeiro passo para termos estabilidade e prosperidade econômica, que é o que queremos.

Por que limar do processo (e da possibilidade de composição de chapa) o candidato que melhor pontuava nas pesquisas? Pesou o fato de ser o Sergio Moro, alguém “odiado” pela política, no sentido mais amplo?

Tem um equívoco aí. O Moro nunca foi alijado do processo. O Podemos é que tinha uma candidatura com força, mas não se apresentou, num primeiro momento, para o diálogo. Nós nunca fechamos as portas para a Renata [Renata Abreu, presidente do Podemos] e ela também nunca fechou as portas para nós. Só entendíamos que tínhamos o tempo da nossa costura, antes de conversarmos com o Podemos.

Aí fomos surpreendidos, primeiro, pelo posicionamento do Moro de mudar o domicílio eleitoral. Mas aquilo não era um problema: já havíamos, inclusive, conversado sobre essa possibilidade. Mas a surpresa maior foi ele ter mudado de partido, sem conversar antes com o partido que o abrigou e, aí sim, ele acabou entrando num processo de decisão interna da União Brasil, onde já havia espaços preenchidos. Virou uma questão interna da União, sobre a qual não posso nem devo me pronunciar.

Repito: em momento algum o Moro foi limado do processo. Talvez, posicionamentos… Ou, melhor do que posicionamentos, articulações, gestos e movimentos equivocados dele possam ter levado, de forma antecipada, o Moro a ficar de fora desse processo, entrando num partido que já tinha, desde um primeiro momento, a intenção de uma pré-candidatura. (Havia) dificuldades (por parte dele) de entender o jogo político e entrar no processo. Ele era o mais bem posicionado nas pesquisas, mas todos os outros também tinham seus ativos.

Nos bastidores, de todos os lados, aumentam burburinhos, inclusive entre vocês, de que “ninguém mais acredita” na viabilidade da candidatura única. A senhora realmente ainda acredita na Terceira Via?

O campo do centro democrático chegará unido às convenções partidárias [entre julho e agosto] e com uma candidatura única contra essa pandemia política, geradora de um manicômio eleitoral que coloca os dois nomes mais rejeitados na liderança das pesquisas de intenção de voto. Política é coisa séria e passa pela escolha do melhor, não do menos pior. O centro vai oferecer a melhor alternativa aos brasileiros.

Qual foi o principal entrave da Terceira Via até aqui? O maior erro? Foi timing?  Foram vaidades? Foi a polarização aparentemente enraizada no país?

O tempo da política, o tempo da democracia é muito diferente do tempo das angústias, das necessidades das pessoas. O tempo da democracia exige, por meio do diálogo e do consenso, chegarmos a uma convergência, que depende, obviamente, de eliminarmos os obstáculos que nos impedem de chegarmos a um denominador comum. Isso foi feito ao longo de todo esse tempo. Um processo de construção.

Ao contrário do que aparenta, eu estou positivamente surpresa com a agilidade e com a consciência de todos de que esse projeto não é personalista, não é ideológico, não é partidário. É um pacto a favor do Brasil e ponto. Nós estamos falando hoje de retrocessos inimagináveis, de uma polarização exacerbada que levou a política ao chão. A realidade é esta: a política no Brasil foi ao chão e agora nós precisamos recolher os cacos.

Sobre o timing, olha, há uma cronologia. Tudo no seu tempo. Estamos caminhando bem. Acho que 18 de maio é uma data muito razoável para que todos os candidatos se apresentem, façam os seus gestos e, depois, escolheremos um nome, com base em um critério a ser escolhido, que não pode ser o critério de pesquisa quantitativa somente, mas, sim, um somatório de pesquisas quantitativas e qualitativas.

Hoje, não é uma disputa entre quem pontua melhor nas pesquisas. O que impera é a política da rejeição: ganha aquele menos rejeitado. Tudo isso tem sido colocado no processo, antes de decidirmos quem será o ungido ou a ungida para representar esse centro democrático. Nosso grupo começou agora com quatro partidos, mas, a partir de maio, e já estamos dialogando, vamos intensificar conversas com todos os outros partidos democráticos: com o Podemos, com o Novo e, posteriormente, com o próprio PDT, de Ciro Gomes.

A senhora ainda acredita que pode ter o apoio da maioria do seu partido, o MDB, para ir com sua candidatura até o fim?

Quem quer apoio tem que estar disposto a apoiar. Só temos uma bala de prata e todos nós vamos nos curvar às decisões dos presidentes dos partidos, que estarão escolhendo o melhor nome, a partir de critérios justos e obedecendo as regras do jogo. Nós já aceitamos isso. Todos nós, pré-candidatos, já demos essa carta branca, essa procuração para que os presidentes dos partidos encontrem esse nome de consenso.

Eu me sinto preparada para representar esse grupo, eu venho me preparando para isso. E, sim, pelas pesquisas, pelo fato de eu ser menos conhecida e menos rejeitada, pela minha história, pelo meu trabalho, por ser a única mulher… Hoje, pelas pesquisas, a maior rejeição a Lula e a Jair Bolsonaro parte do eleitorado feminino. Sim, eu entendo que eu posso liderar e levar essa candidatura até o final, em nome de todos.

O grupo realmente acredita que Luciano Bivar, o mais desconhecido de todos vocês, tem alguma chance de viabilidade eleitoral?

Não posso falar pela União Brasil. A União Brasil tem pré-candidato. Todo mundo pode fazer as críticas em relação ao meu nome também como pré-candidata do MDB. Mas essa é uma decisão interna de cada partido. Esses são os nomes que estão colocados à mesa neste momento e, até 18 de maio, se Deus quiser, teremos alguém para ter cara, nome e sobrenome e apresentar ao Brasil as propostas que o país precisa e merece, para que a gente possa sair, o mais rápido possível, desta crise e nos fortalecermos no processo eleitoral e chegarmos ao segundo turno em outubro.

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Diego Amorim

Se formou em jornalismo pela UnB. Trabalhou no Blog do Noblat e no Correio Braziliense. Gosta da notícia e dos bastidores dela em qualquer área. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Embratel. Está em O Antagonista desde abril de 2016, quando se juntou à equipe para a cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, não tem dado sossego a políticos de todos os partidos em Brasília. É chefe de redação de O Antagonista em Brasília.

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