No que Doria estava pensando?
Como O Antagonista registrou há pouco, a crise resultante da notícia de que o governador João Doria continuaria no governo, em vez de transmiti-lo na tarde de hoje ao seu vice Rodrigo Garcia, parece estar superada. Doria deve anunciar sua desincompatibilização do cargo às 16h. Garcia será o cadidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes. Passado o torvelinho, é difícil entender o que João Doria esperava obter, deixando vazar essa informação durante um jantar, na noite de ontem...
Como O Antagonista registrou há pouco, a crise resultante da notícia de que o governador João Doria continuaria no governo, em vez de transmiti-lo na tarde de hoje ao seu vice Rodrigo Garcia, parece estar superada. Doria deve anunciar sua desincompatibilização do cargo às 16h. Garcia será o cadidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes.
Passado o torvelinho, é difícil entender o que João Doria esperava obter, deixando vazar essa informação durante um jantar, na noite de ontem.
O que ele alcançou durante algumas horas ficou à vista de todos: a candidatura de Rodrigo Garcia ficou por um fio, enquanto o bolsonarista Tarcísio de Freitas, que disputa com ele o eleitor conservador paulista, assistia de camarote; José Luis Datena, pronto a concorrer ao Senado aliado ao PSDB, cogitou mudar de time; Márcio França, à esquerda, aproveitou para lustrar suas credenciais anti-Doria. Em resumo, as eleições em São Paulo, que já seriam das mais difíceis da história para os tucanos, tornaram-se dificílimas.
Mas São Paulo, evidentemente, já não é a prioridade de Doria. Sua cabeça está em Brasília. (Aliás, está em Brasília desde 2016, quando ele se elegeu prefeito.) Sua jogada, portanto, deve ter mirado algum benefício para o seu projeto presidencial. Mas qual?
Sim, é verdade que o presidente do PSDB, Bruno Araújo, divulgou uma carta nesta manhã, reiterando que a direção do partido está fechada com Doria, vencedor de prévias partidárias. Araújo não diria mesmo outra coisa, pois as prévias foram o seu maior projeto à frente da legenda.
A questão é que o PSDB é apenas um dos partidos envolvidos na discussão sobre uma candidatura unificada do centro democrático. Há também o Cidadania, seu parceiro em um projeto de federação. E ainda o MDB, que lançou Simone Tebet à Presidência, e a União Brasil, que deve filiar Sergio Moro nas próximas horas.
Se as chances de Doria ser o nome de consenso de todos esses partidos já eram escassas, por causa de sua rejeição nas pesquisas de intenção de voto, depois de toda essa lambança elas se tornaram ínfimas.
Assim, a única conquista de Doria pode ter sido impedir que o gaúcho Eduardo Leite se torne a alternativa tucana para a Terceira Via. Mas não porque ele, Doria, saiu maior desta quinta-feira. Será apenas porque o PSDB saiu menor: o retrato de um partido sempre empenhado na própria destruição, e em nada mais.
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