Jair Bolsonaro, apesar de seus limites cognitivos, vai acabar entendendo que não há a menor chance de se reeleger. Nesse caso, ele deve ser motivado a desistir da disputa. A farsa sobre as urnas, que ele voltou a propagar na semana passada, é a melhor desculpa para isso, como escreveu Mario Sabino. Duvido, porém, que ele desista voluntariamente. Sua mente conturbada só pode admitir uma fuga camuflada. Meu palpite é que ele vai incitar um movimento golpista, um Sete de Setembro bis, a fim de levar o TSE a afastá-lo da corrida, decretando sua inelegibilidade. 

O editorial da Folha de S. Paulo, hoje, diz que Bolsonaro, com “suas patranhas” sobre fraudes inexistentes no sistema eleitoral, “aposta na balbúrdia para manter seguidores mais radicais mobilizados”. Mas não é só isso. Os seguidores radicais podem ser mobilizados com qualquer coisa. A escolha de desafiar o TSE tem o propósito claro de criar-lhe uma escapatória antes da derrota nas urnas. Essa escapatória deve ser uma tentativa de golpe. Se o golpe fracassar, como é provável, ele foge. Se der certo, ele vira um caudilho.

Uma pessoa com limites cognitivos é imprevisível, mas dentro da mais absoluta previsibilidade.