Mario Sabino, na Crusoé: Monica Vitti
"Sei que, para alguns leitores, talvez até a maior parte deles, eu devesse falar de eleição presidencial, corrupção, acidente no metrô de São Paulo (agora também querem culpar a Lava Jato por isso) ou o assassinato bárbaro do rapaz congolês no Rio de Janeiro", diz Mario Sabino, em sua coluna na Crusoé...
“Sei que, para alguns leitores, talvez até a maior parte deles, eu devesse falar de eleição presidencial, corrupção, acidente no metrô de São Paulo (agora também querem culpar a Lava Jato por isso) ou o assassinato bárbaro do rapaz congolês no Rio de Janeiro”, diz Mario Sabino, em sua coluna na Crusoé.
“Mas peço permissão à realidade brasileira, o meu assunto de todos os dias, para falar de Monica Vitti, a atriz que morreu nesta semana, aos 90 anos. Recém-saído da adolescência, eu era vidrado nela. Troquei a americana Lauren Bacall pela italiana Monica Vitti. Ou melhor, pela romana Monica Vitti.”
“Ela era de uma beleza nada óbvia, a começar pelo nariz grande e adunco. Não que não se incomodasse com isso: evitava que a filmassem de perfil, por exemplo. Mas nunca pensou, e se pensou não o fez, em submeter-se a uma plástica (o máximo que fez foi arrebitar o nariz com o dedo, diante do espelho, numa cena de L’Avventura). Eu não seria vidrado em Monica Vitti, se ela não tivesse um nariz grande e adunco. Ele me fascinava, porque, além de dar força expressiva ao seu rosto, era como uma ponta de lança.”
“Ser ou não ser; amar, não amar ou amar muito mais. Obrigado, Monica, por não ter existido com tanta intensidade.”
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