O aniversário de Julian Lemos e a aliança de Moro com a União Brasil
Sergio Moro chegou à Paraíba, para onde viajou ontem, como registramos, e vai participar amanhã à noite de uma festa em comemoração ao aniversário do deputado federal Julian Lemos (PSL). Julian é um ex-aliado da família Bolsonaro. Rodou o país na campanha de 2018 ao lado do então candidato Jair, mas, como todos que pularam do barco de lá para cá, hoje é considerado um "traidor" do bolsonarismo...
Sergio Moro chegou à Paraíba, para onde viajou ontem, como registramos, e vai participar amanhã à noite de uma festa em comemoração ao aniversário do deputado federal Julian Lemos (PSL).
Julian (foto, à direita) é um ex-aliado da família Bolsonaro. Rodou o país na campanha de 2018 ao lado do então candidato Jair, mas, como todos que pularam do barco de lá para cá, hoje é considerado um “traidor” do bolsonarismo. Dia sim e outro também, compra briga com Carlos Bolsonaro nas redes sociais, seu principal desafeto público.
As festas de Julian costumam ser badaladas em João Pessoa, com muito forró, cover de Reginaldo Rossi, comida e bebida de primeira. Depois de dois anos de pandemia, ele decidiu fazer uma grande celebração dos seus 46 anos de vida. Seria, em tese, algo reservado para os amigos e políticos mais próximos. Mas, depois que Moro (foto, à esquerda) confirmou presença, Julian acabou virando anfitrião de um evento político do ex-juiz, pré-candidato ao Planalto pelo Podemos.
“Está uma loucura. Se eu colocasse ingresso à venda, ia ter fila. O cara [Moro] caiu na graça do povo aqui. É briga de televisão e rádio querendo entrevistar o cara. Grupos de empresários que apoiaram Bolsonaro chamando o cara para jantar. Se esse cara ‘pegar a veia do centro’, tchau, ganhou, um abraço”, disse Julian a O Antagonista.
Além de Moro, já confirmaram presença um punhado de deputados e prefeitos de vários partidos e estados, e senadores como Soraya Thronicke (PSL) e Styvenson Valentim (Podemos). A presidente do Podemos, deputada Renata Abreu, também vai estar lá.
Julian disse que a segurança do evento está garantida: “Aqui tem estrutura”.
Na ‘lista VIP’ com pelo menos 300 nomes, está ainda, como noticiamos, o do deputado Luciano Bivar, presidente do PSL e, a partir do mês que vem, após o esperado aval do TSE, presidente da União Brasil, sigla resultante da fusão do PSL com o DEM.
Bivar é cotado para ser vice de Moro na chapa nacional. Aliados dizem que o dirigente partidário está entusiasmado com a ideia, mas, publicamente, ele ainda adota tom bastante cauteloso.
“Eu vou estar lá [no aniversário do Julian]. O Moro também confirmou. O Moro tem conversado com alguns deputados do nosso partido. A gente precisa esperar que a União Brasil se configure no começo de fevereiro, daqui a pouco, para eu ter uma conversa com toda a cúpula do novo partido [sobre alianças para o pleito deste ano]”, afirmou Bivar a O Antagonista.
Bivar insiste em candidatura própria da União Brasil ao Planalto. Sergio Moro já foi convidado, mais de uma vez, para se filiar à legenda, que daria a ele tempo de TV e fundo partidária consideráveis. Há quem, nesse xadrez político, ainda acredite que Moro possa trocar de partido até abril, prazo final estipulado pela lei eleitoral. Em julho e agosto, as convenções confirmarão pré-candidatos e coligações.
Caciques da União Brasil, que tem em seu quadro nomes como ACM Neto e Ronaldo Caiado, acreditam que, com Moro na sigla ou com uma aliança para valer, seria possível aglutinar o chamado centro em torno de um projeto nacional consistente, podendo atrair setores do PSDB de João Doria, do MDB de lulistas e bolsonarista e até do hoje bolsonarista Republicanos.
“Estamos animados com a possibilidade de aliança com o Moro. O problema todo aí é o Podemos. O Podemos é, na verdade, o único problema. E é um problema de difícil superação. É um partido pequeno. A decisão está mais nas mãos do Moro do que nas de qualquer outra pessoa. O Moro vai decidir o que quer”, disse uma liderança da União Brasil, pedindo reserva.
Se a aliança entre União Brasil e Podemos não vingar, a avaliação de políticos mais experientes da futura nova legenda é a de que a candidatura João Doria, pré-candidato do PSDB, ganharia corpo.
Do lado do Podemos, um partido realmente nanico perto da estrutura da União Brasil, o temor é o de que uma eventual aliança com gente da “velha guarda” possa “sufocar Moro” e eles, Podemos, acabem sendo “engolidos”.
Integrantes do Podemos, como o senador Eduardo Girão, do Ceará, sem dar nomes, já demonstraram preocupação com “alianças que podem mais atrapalhar que ajudar”: relembre aqui.
Na União Brasil, todos juram que a intenção é contribuir para o projeto Moro e “discutir o Brasil”.
“Não tem bomba armada. Não tem Cavalo de Troia. Vamos querer espaço político normal e discutir o Brasil”, afirmou outra liderança, em reservado.
Julian Lemos, o anfitrião da festança de amanhã e candidato à reeleição, disse a este site que “a salvação do Moro” é se aliar à União Brasil.
“Esse recall de 10% que o Moro tem [de intenções de voto em pesquisas recentes] é dele. Eleição é um campo de gravidade: quando a massa vem, o outro quer vir também. O Moro já está sendo massacrado de todos os lados. Se for para pensar em um projeto para o Brasil, se o projeto for mesmo para o Brasil, tem que ter bala. O jogo é de mata-mata, não é jogo de amador, não”, argumentou o deputado da Paraíba, defendendo que o ex-juiz precisará de estrutura e de apoios para enfrentar os ataques.
As conversas devem se intensificar na festa de Julian, mas, como adiantou Bivar, nada será definido antes de a União Brasil ser oficializada como legenda.
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