Medo de juiz
Eleitores das classes C e D entrevistados em diversos grupos ao longo de 2021 por um instituto de pesquisas apontaram uma razão inusitada para “desconfiarem” da candidatura de Sergio Moro: a sua formação como juiz...
Eleitores das classes C e D entrevistados em diversos grupos ao longo de 2021 por um instituto de pesquisas apontaram uma razão inusitada para “desconfiarem” da candidatura de Sergio Moro: a sua formação como juiz.
“Muitas pessoas mais pobres veem a Justiça como algo distante, de difícil acesso, e os juízes como pessoas severas, que não conhecem o dia a dia dos brasileiros de classe baixa e não se importam com suas dificuldades”, diz o diretor do instituto. “Quando se trata da Justiça criminal o receio é maior ainda, porque se mistura com o medo que muita gente tem polícia, das abordagens que eles e seus filhos sofrem dos policiais.”
Por causa disso, um dos principais ativos de Moro, a sua imagem de homem da lei rigoroso, acaba tendo nuances negativas para as classes mais baixas.
Insights como esses vêm de pesquisas qualitativas, que não têm peso estatístico. No máximo, sugerem hipóteses que precisam ser melhor exploradas. O certo é que Moro ainda precisa encontrar maneiras de aumentar sua conexão com os eleitores de renda mais baixa.
Na pesquisa Datafolha divulgada em meados de dezembro, Moro apareceu com 9% de intenção de voto. Entre as pessoas com renda até 2 salários mínimos, 5% disseram ter intenção de votar no ex-juiz, contra 16% daqueles que recebem mais de 10 salários mínimos.
“Logo que lançou sua candidatura, Moro falou em criar uma agência para erradicar a pobreza, mas isso é muito abstrato”, diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha. “É improvável que só com isso ele consiga aumentar o seu eleitorado nesse segmento.”
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