As Forças Armadas não são melhores do que o Brasil
Jair Bolsonaro diz que não há corrupção em seu governo. Será uma grande ironia se, em seu último ano de governo, for confirmada a existência de um esquema milionário de desvio de dinheiro público justamente nas licitações das Forças Armadas...
Jair Bolsonaro diz que não há corrupção em seu governo. Será uma grande ironia se, em seu último ano de governo, for confirmada a existência de um esquema milionário de desvio de dinheiro público justamente nas licitações das Forças Armadas.
O Tribunal de Contas da União está analisando indícios robustos de maracutaia nas licitações de compra de alimentos das corporações. É coisa de 87 milhões de reais.
Segundo a “Folha de S. Paulo”, o TCU identificou “alto risco de irregularidade” na atuação de empresas de fachada que têm o mesmo endereço, usam o mesmo computador e parecem estar ligadas a ex-militares.
Três dessas empresas teriam como sócio um ex-capitão do Exército, Vancler Augusto Geraldo, que foi condenado por corrupção em 2019 e expulso da corporação.
Obviamente, isso não significa que as Forças Armadas são corruptas.
O caso será apenas mais uma demonstração de que elas não podem se imaginar blindadas contra os maus instintos, nem possuidoras de um status moral superior ao das demais instituições brasileiras.
Graças a personagens infames como Bolsonaro, cavilosos como Augusto Heleno (ambos na foto) e incompetentes como Pazuello, nós, na verdade, já sabíamos que os processos rigorosos de formação e treinamento do Exército não são necessariamente “purificadores”.
Sabíamos também que muitos militares podem se comportar como sindicalistas de capacete e coturno, tão ávidos quanto qualquer integrante da CUT para se aboletar em cargos públicos bem remunerados. No governo Bolsonaro, são mais de 6 mil ocupando posições na administração federal.
Se o caso de corrupção for comprovado, será outro golpe na boa imagem que as Forças Armadas conquistaram nas últimas décadas.
As Forças Armadas não são melhores do que o Brasil. Nada as autoriza a exercer um “poder moderador” em momentos de crise interna, como quiseram fazer crer alguns militares e juristas assanhados nos últimos dois anos, com leituras desonestas do artigo 142 da Constituição.
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