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Auxílio Brasil, para que te quero

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 22.12.2021 18:13 comentários
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Auxílio Brasil, para que te quero

Jair Bolsonaro deve estar botando muita fé no poder do Auxílio Brasil para tirar do atoleiro sua candidatura à reeleição. Faltando já menos de um ano para a ida às urnas, tudo que o antipresidente faz se destina a agradar sua base fiel - aqueles vinte e poucos por cento que o seguirão até o inferno, quando as portas do inferno se abrirem...

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Auxílio Brasil, para que te quero
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Jair Bolsonaro (foto) deve estar botando muita fé no poder do Auxílio Brasil para tirar do atoleiro sua candidatura à reeleição. 

Faltando já menos de um ano para a ida às urnas, tudo que o antipresidente faz se destina a agradar sua base fiel – aqueles vinte e poucos por cento, ou menos, que o seguirão até o inferno, quando as portas do inferno se abrirem. 

Nesta semana, Bolsonaro fez lobby para que 1,7 bilhão de reais fossem reservados no orçamento de 2022 para aumentar os vencimentos dos policiais federais – um grupo que, em tese, já o apoia. A reação entre auditores fiscais, que julgavam ter um acordo com o governo para o pagamento de uma velha demanda, o bônus de desempenho, foi imediata: mais de duzentos pediram exoneração de postos de chefia. Quase todos os outros segmentos do funcionalismo público federal, que há cinco anos não têm reajuste de salário, devem estar irritados. 

O comportamento de Bolsonaro em relação à pandemia tampouco revela um esforço para conquistar novos eleitores. Segundo a pesquisa do Ipespe divulgada nesta semana, 54% da população brasileira considera ruim ou péssima sua maneira de lidar com a Covid. A despeito disso, Bolsonaro não apenas se mostra contrário ao passaporte da vacina e à imunização de crianças, como ainda espalha fake news sobre as duas medidas e vilaniza técnicos da Anvisa, tornando-os alvo de ameaças. 

O Auxílio Brasil de 400 reais parece capaz de aumentar a sua base eleitoral. Mas será que é tanto assim? 

Existe alguma incerteza sobre o número de pessoas que serão atendidas pelo programa. Com o teto de renda para os beneficiários estabelecido em 210 reais por mês, estima-se que mais de 20 milhões de famílias tenham direito aos recursos. No entanto, o relator do orçamento de 2022, o deputado Hugo Leal (PSD-RJ), manteve a previsão de fila para o Auxílio Brasil. Com isso, 17 milhões de famílias receberiam o dinheiro em 2022, enquanto mais de 3 milhões ficariam a ver navios. Se for assim, haverá muito choro e sofrimento.

Mas mesmo aqueles com o auxílio assegurado estarão ameaçados pela inflação

Segundo o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV, o economista André Braz, até o final do primeiro semestre de 2022 a inflação de 12 meses deve girar em torno de 8%. O índice que mais importa para os pobres, o dos alimentos, deve ficar um pouco abaixo disso,  como já foi neste ano, mas a ida ao supermercado ainda não será uma experiência agradável. “Não prevemos queda de preços da comida, só aumentos mais suaves”, diz Braz.  

Uma redução maior da inflação poderá acontecer entre julho e setembro, os três meses que antecedem a eleição. Essa seria uma ótima notícia para Bolsonaro. Mas não vai adiantar nada se promessas de campanha e outras bolsonarices reafirmarem a impressão de que o governo não tem mesmo nenhum compromisso com a responsabilidade fiscal

“Incertezas sobre a dívida pública causam fuga de dólares e pressionam o câmbio. A desvalorização do real, por sua vez, aumenta os preços de diversos alimentos”, diz Braz. “Se o presidente não for cuidadoso, os 400 reais do Auxílio Brasil terão um poder de compra cada vez menor conforme o ano avançar. Os pobres continuarão passando por privações e Bolsonaro vai pagar o preço político por isso.”

Que o Auxílio Brasil não fará mal a Bolsonaro, isso é certeza. A ideia de que seja uma boia de salvação para suas pretensões eleitorais já é muito mais incerta.

E não serve para nada tentar transferir a responsabilidade pelas dificuldades econômicas para terceiros, como Bolsonaro sempre fazer, esbravejando contra governadores ou o mercado internacional. Mesmo quando o governo, comprovadamente, não foi o criador de um problema, é do governo que os eleitores, em particular os mais carentes, sempre esperam uma solução

 

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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