André Esteves confirma conversa com Campos Neto, mas nega “finalidade criminosa”
O banqueiro André Esteves (foto) disse ao Supremo que o diálogo que teve com o presidente do Banco Central, Campos Neto, foi uma "conversa formal", sem "qualquer finalidade criminosa". Ele afirmou também que no telefonema, relatado posteriormente por Esteves em conversa com investidores, não tratou de taxas de juros...
O banqueiro André Esteves (foto) disse ao Supremo que o diálogo que teve com o presidente do Banco Central, Campos Neto, foi uma “conversa formal”, sem “qualquer finalidade criminosa”. Ele afirmou também que no telefonema, relatado posteriormente por Esteves em conversa com investidores, não tratou de taxas de juros.
A manifestação do banqueiro se deu em ação apresentada pela ABI após vazamento de áudio de uma reunião do banqueiro com investidores. Em 12 de novembro, a ministra Rosa Weber enviou à Procuradoria-Geral da República pedido de investigação.
Segundo Esteves, “a realização de reuniões ou videoconferências entre representantes do Banco Central e de instituições autorizadas é algo rotineiro, frequente, usual e totalmente lícito, não se podendo extrair qualquer finalidade criminosa.”
“Essa conversa aconteceu há mais de um ano e, entre outros temas, discutiu-se, de forma teórica, o piso mínimo de taxas de juros ― geralmente referido pelos termos em inglês lower bound, efective lower bound ou zero lower bound ― que a economia brasileira poderia suportar de maneira sustentável”, disse o banqueiro ao STF
Segundo Esteves, nunca houve qualquer conversa com o presidente do Banco Central sobre taxas de juros com objetivo de obter vantagem indevida, “e o áudio divulgado não retrata absolutamente nada minimamente próximo a isso”. “O aspecto em debate era a estabilidade do sistema financeiro, não havendo, portanto, qualquer relação com decisões de curto prazo de taxas juros que pudessem influenciar o mercado.”
“Além disso, não foi dito na conversa clandestinamente gravada que o contato teria ocorrido ‘de maneira informal’ ou que teria tido por objetivo consultá-lo sobre ‘quais políticas monetárias ele acreditava ser mais acertadas, mais exatamente sobre a queda na taxa de juros (Selic) e acerca do lower bound dos juros (conceito econômico que descreve a menor taxa de juros possível em uma economia)’”, disse.
Na ação, Esteves afirmou que o que se verifica é que Roberto Campos Neto teria indagado, na época em que a taxa mínima de juros estava em cerca de 3,5%, o seguinte: “Onde é que você acha que está o lower bound?” André Esteves, segundo a ação, “com um toque de humor compatível com a descontração e a linguagem coloquial que marcou sua interação com o público jovem do evento, teria respondido: ‘eu não sei onde é que está, mas eu estou vendo pelo retrovisor, porque a gente já passou por ele.'”
Na ação, a ABI afirma que o administrador pode consultar a sociedade sobre determinados temas sob seu cuidado, porém nunca de maneira informal ou adiantando sua compreensão sobre eles para aqueles cuja atividade está diretamente implicada por suas decisões.
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