O escafandro de Moro
Sergio Moro terá de tapar o nariz para virar presidente dessa República. Sugiro um escafandro para os mergulhos mais profundos. Amanhã, ele terá as primeiras conversas com deputados da União Brasil. No dia 10, deve se filiar ao Podemos. A partir daí, entrará de vez no debate público rumo a 2022...
Sergio Moro terá de tapar o nariz para virar presidente dessa República. Sugiro um escafandro para os mergulhos mais profundos. Amanhã, ele terá as primeiras conversas com deputados da União Brasil. No dia 10, deve se filiar ao Podemos. A partir daí, entrará de vez no debate público rumo a 2022.
O ex-juiz intensificará os contatos com demais caciques partidários, empresários e personalidades, na busca pela construção de alianças que garantam sua vitória. O resultado das conversas dependerá mais de seu desempenho nas pesquisas, a velha expectativa de poder.
Pesquisas recentes sugerem que o ex-juiz poderá ter 30% do eleitorado, caso a Terceira Via não se pulverize. Não é pouca coisa.
Mas esse potencial de votos, para se realizar eleitoralmente, depende de uma composição partidária coerente que lhe garanta palanques regionais fortes, com aliados fieis capazes de servir de cabos eleitorais.
A opção pelo Podemos vem sendo questionada nos bastidores, em tese por não atender a esses requisitos.
No Paraná, por exemplo, Alvaro Dias buscará a reeleição ao Senado na chapa de Ratinho Jr (PSD) —, que tentará o governo estadual, com provável apoio de Ricardo Barros (PP), líder do Jair Bolsonaro na Câmara. Barros, Ratinho Jr e Bolsonaro estiveram juntos em evento no início de outubro. Integra o grupo político de Ratinho o ex-governador tucano Beto Richa, que foi preso pela Lava Jato.
No Rio, a legenda está abraçada à reeleição de Claudio Castro (PL), considerado governador biônico de Jair e Flávio Bolsonaro. Em visita recente ao estado, a deputada Renata Abreu, presidente do Podemos, cogitou lançar ao Senado a youtuber bolsonarista Antônia Fontenelle.
Em São Paulo, Renata tem um acordo com Rodrigo Garcia, que trocou o DEM pelo PSDB para suceder João Doria. Ela também fechou acordo com o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), para reforçar o apoio de legenda à sua reeleição. O problema é que Azevêdo ofereceu o palanque a Lula.
Na nova roupa de candidato, Moro precisa ser pragmático, mas não pode ser ingênuo e nem abrir mão dos princípios que forjaram sua imagem pública — sob o risco de virar mais do mesmo.
Para quem pergunta sobre qual seria o limite do ex-juiz na costura de alianças, ele diz que cobrará o comprometimento público de aliados com as seguintes pautas: PECs da prisão em 2ª instância e do fim do foro privilegiado, além do fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos.
São temas que ainda não foram abordados, mas poderão ser. Compromissos de campanha, porém, valem tanto quanto uma nota de 3 reais com a cara do Paulo Guedes.
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