Hamilton Mourão, o “cunhado” de Bolsonaro
Em 2021, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão se distanciaram ainda mais. A relação, que já não era boa, piorou quando O Antagonista revelou, com exclusividade, em janeiro, que um assessor do vice-presidente procurou parlamentares para discutir a possibilidade de impeachment. "É bom estarmos preparados", avisou...
Em 2021, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão se distanciaram ainda mais. A relação, que já não era boa, piorou quando O Antagonista revelou, com exclusividade, em janeiro, que um assessor do vice-presidente procurou parlamentares para discutir a possibilidade de impeachment.
“É bom estarmos preparados”, escreveu o assessor, num aplicativo de mensagens.
Depois da publicação da reportagem, Mourão exonerou o sujeito, alegando que não havia autorizado que ele procurasse os parlamentares. Ele disse que jamais trairia Bolsonaro.
O presidente passou então a excluir vice de reuniões ministeriais.
Em abril, Mourão foi excluído também da Cúpula do Clima. Bolsonaro nem sequer consultou o vice, que comanda o Conselho da Amazônia, sobre o discurso que fez no evento.
Enquanto Bolsonaro falava seus absurdos no cercadinho do Palácio da Alvorada, Mourão deu continuidade ao seu próprio “cercadinho”, no Palácio do Planalto. Todo dia, ao chegar ao prédio, o vice-presidente conversava com jornalistas e comentava os assuntos do dia.
Muitas vezes, dando declarações contrárias a posicionamentos de Bolsonaro, sem criar um confronto direto.
Em 2021, o presidente passou a admitir com mais clareza que deve ter um novo candidato a vice para disputar as eleições de 2022. Em julho, em entrevista, Bolsonaro disse que Mourão “é como um cunhado” e que ele “atrapalha às vezes”.
O vice minimizou a declaração: “Sem comentários”.
Enquanto Bolsonaro deu início à busca por um novo vice, Mourão passou a ser cotado para disputar o Senado. Ele afirmou que poderia deixar o governo antes do fim do mandato, para concorrer.
Em meio à escalada calculadamente doentia de Bolsonaro de ataques à democracia e de questionamentos sobre o processo eleitoral, a pressão pelo impeachment aumentou.
A Crusoé revelou, em julho, que, segundo um grupo de empresários, Mourão admitiu mesmo conversar sobre o impedimento de Bolsonaro.
Nas semanas que antecederam os atos golpistas de 7 de Setembro, o vice-presidente intensificou sua agenda de conversas com lideranças de centro, diplomatas e empresários.
Em declarações públicas, no entanto, Mourão descartava a possibilidade de uma ruptura institucional, ainda que Bolsonaro falasse em “enquadrar o STF“.
O vice também se reuniu com Luís Roberto Barroso, um dos principais alvos de Bolsonaro, para garantir que não haveria golpe.
Depois do recuo de Bolsonaro após o fiasco do 7 de Setembro e do fracasso dos protestos da oposição, o clima pelo impeachment esfriou.
Com a filiação de Sergio Moro ao Podemos, passou-se a cogitar que Mourão se aproximaria do ex-juiz, pensando nas próximas eleições, o que seria do agrado dos militares extrapalacianos.
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