Polícia diz que Zara criou código para ‘alertar’ entrada de negros em loja
Uma investigação realizada pela Polícia Civil do Ceará aponta que a Zara criou um código para funcionários ficarem atentos à entrada de pessoas negras ou com "roupas simples" na loja do Shopping Iguatemi, em Fortaleza, diz o Uol...
Uma investigação realizada pela Polícia Civil do Ceará aponta que a Zara criou um código para funcionários ficarem atentos à entrada de pessoas negras ou com “roupas simples” na loja do Shopping Iguatemi, em Fortaleza, diz o Uol. Segundo as apurações, o “alerta” era dado pelo sistema de som da loja, por meio do código “Zara Zerou”.
“Testemunhas que trabalharam no local alegam que eram orientadas a identificar essas pessoas com estereótipos fora do padrão da loja. A partir dali, ela era tratada como uma pessoa nociva, que deveria ser acompanhada de perto. Isso geralmente ocorria com pessoas com roupas mais simplórias e ‘pessoas de cor’“, disse o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira, ao portal.
Ele também afirmou que o procedimento já foi adotado em outros países também, com pagamento de indenização. A delegada Arlete Silveira, diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis, disse que até as abordagens na loja eram orientadas.
“Esse código era o ‘Zara zerou’, que foi descoberto durante a investigação. Ele orienta para que exista uma abordagem dentro da loja quando chega alguém ‘diferente’, digamos assim, sem o perfil do consumidor da Zara. É como se aquela pessoa deixasse de ser uma consumidora e se tornasse suspeita.”
No dia 14 de setembro, a delegada Ana Paula Barroso, que é negra, foi proibida de entrar na loja e registrou um boletim de ocorrência por racismo. Na ocasião, alegaram que o veto se tratava de uma “questão de segurança” do shopping. O gerente da loja, o português Bruno Felipe Simões foi indiciado pelo crime de racismo.
Segundo o Uol, após o episódio, entidades do movimento negro ingressaram na Justiça do Ceará contra a rede de lojas Zara, pedindo R$ 40 milhões de indenização por dano moral coletivo. Uma segunda investigação sobre outro caso de racismo foi aberta depois de uma denúncia semelhante. O fato ainda está em fase de apuração.
No caso da delegada, Simões disse, em depoimento, que impediu o acesso da delegada à loja porque ela estava utilizando a máscara de forma inadequada. Ana Paula Barroso rebateu a alegação, e afirmou que a investigação reuniu elementos que endossam a sua versão. As imagens do circuito interno de câmeras do shopping e da loja mostram que a delegada estava com a máscara abaixada porque ela tomava sorvete. De acordo com o portal, durante todo o resto do trajeto dela no estabelecimento, a delegada usou o item.
Procurada pelo Uol, a Zara Brasil disse que “rechaça qualquer forma de racismo”.
“Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos”.
A Zara Brasil também afirmou que não teve acesso ao relatório da polícia, mas garantiu que “colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde.”
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