Exclusivo: Mensagens revelam pressa da PGR e cautela dos irmãos Batista em acordo
Mensagens do celular de Wesley Batista, obtidas por O Antagonista, também mostram que havia pressa para fechar a delação, mas só do lado da PGR. Os irmãos Batista estavam mesmo preocupados em garantir a imunidade penal e a negociação da leniência nos EUA...
Mensagens do celular de Wesley Batista, obtidas por O Antagonista, também mostram que havia pressa para fechar a delação, mas só do lado da PGR. Os irmãos Batista estavam mesmo preocupados em garantir a imunidade penal e a negociação da leniência nos EUA.
A pressa de Rodrigo Janot ficou mais evidente depois que Joesley entregou a gravação de Michel Temer, como relata a advogada Fernanda Tórtima no grupo de Whatsapp, sobre uma conversa com Sérgio Bruno, então coordenador da Lava Jato na PGR.
“Eu estava em uma (reunião) agora e ele ficou mandando mensagem sem parar, falando: ‘muito importante, quero ouvir o Joesley, vê se ele pode vir ao Brasil amanhã’ (…) Falei: ‘Sérgio, é meio complicado.’ Não dá para marcar as coisas assim de última hora, não dá para fazer de forma atabalhada’.”
Em seguida, o diretor-jurídico Francisco de Assis ressalta que o procurador precisava, antes, “por na mesa, a leniência, a imunidade e as demais penas corporais”, além de assumir o protagonismo na conversa com o Departamento de Justiça dos EUA, “conforme o Pelela (Eduardo Pelella) assumiu o compromisso”.
Fernanda então explica: “A preocupação dele é que na semana que vem, em razão da semana santa, não haverá ninguém no STF para determinar a medida da ação controlada. E aí a tentativa de obter a medida ficaria para depois do dia 17, o que, na opinião dele, pode estar muito longe.”
Em outra troca de mensagens, Wesley expõe a Joesley sua preocupação sobre a dinâmica apressada do acordo:
“Claramente eu acho que estão super engajados pela dinâmica e tal, e chamando você. Por outro lado, eu acho que nós temos que, de alguma forma, sem transparecer que nós não estamos abertos e colaborativos, temos que falar: olha, espera aí, nós temos três pontos relevantes, um é os Estados Unidos, um é a grana e o outro são as penas totais. para nós também não ir (sic) tudo, sem saber do outro lado. Em resumo, tirando essa parte, eu acho que estão super engajados, acho que é um sinal positivo do lado do engajamento.”
Joesley concorda com o irmão e avalia que Janot tinha interesse político em fechar logo o acordo. “Esses caras estão com vontade de por isso na discussão logo, a questão nossa, para melar, de uma vez, a viabilidade da turma que está aí. Não sei não, estou com a impressão de que a velocidade está ligada a não dar tempo de deixar a turma que está aí conquistar avanços, tanto do lado do julgamento lá (TSE), que começou anteontem, e como do lado de reformas, essas coisas.”
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