Rollemberg: 'Lula é o candidato mais forte para derrotar Bolsonaro" Rollemberg: 'Lula é o candidato mais forte para derrotar Bolsonaro"
O Antagonista

Rollemberg: ‘Lula é o candidato mais forte para derrotar Bolsonaro”

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Ana Maria Campos
13 minutos de leitura 05.09.2021 16:20 comentários
Brasil

Rollemberg: ‘Lula é o candidato mais forte para derrotar Bolsonaro”

Ex-governador do Distrito Federal e uma das figuras mais influentes no PSB, Rodrigo Rollemberg acredita que a prioridade absoluta das forças democráticas do país deve ser derrotar Jair Bolsonaro, independentemente de diferenças políticas do passado ou de interesses regionais. E, segundo Rollemberg, o nome que reúne hoje mais condições para alcançar esse objetivo é Lula.

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Ana Maria Campos
13 minutos de leitura 05.09.2021 16:20 comentários 0
Rollemberg: ‘Lula é o candidato mais forte para derrotar Bolsonaro”
Foto: Agência Brasília

Ex-governador do Distrito Federal e uma das figuras mais influentes no PSB, Rodrigo Rollemberg acredita que a prioridade absoluta das forças democráticas do país deve ser derrotar Jair Bolsonaro, independentemente de diferenças políticas do passado ou de interesses regionais. E, segundo Rollemberg, o nome que reúne hoje mais condições para alcançar esse objetivo é Lula.

Ele ressalta que o PSB está aberto a conversas com outros partidos para a formação de uma terceira via, tem identidade com Ciro Gomes (PDT), mas considera curto o prazo até o início da campanha de 2022 para que um candidato surja com o mesmo potencial do petista. “O PSB deve fechar com o Lula. Mas, como essa decisão não precisa ser tomada agora, temos que avaliar o quadro permanentemente”, diz Rollemberg. Uma decisão formal deve ser tomada no início do próximo ano. 

Enquanto isso, Rollemberg e o PSB costuram os palanques regionais. Ele diz que seu partido tem candidato próprio no DF, o ex-secretário de Educação Rafael Parente, filho do ex-ministro Pedro Parente, na briga pela sucessão do governador Ibaneis Rocha (MDB). Entre os novos socialistas, no Rio de Janeiro, o candidato será Marcelo Freixo e o governador do Maranhão, Flavio Dino, deve disputar o Senado. O PSB ainda conta com um outro possível novato: o ex-governador do Paraná Roberto Requião que tem mantido conversas com a legenda, desde que deixou o MDB.

 

Qual posição vai prevalecer no PSB na disputa ao Palácio do Planalto em 2022? 

A prioridade absoluta do PSB no plano nacional é derrotar Bolsonaro pelas ameaças que ele oferece à instabilidade democrática no país. E nesse sentido o PSB deve lutar para construir uma frente o mais ampla possível e apoiar aquele candidato que reunir melhores condições para derrotar Bolsonaro. Hoje o candidato que reúne melhores condições é o Lula.

Entre os nomes que estão sendo cotados para a terceira via, como Rodrigo Pacheco, tucanos que vão disputar as prévias, Simone Tebet… algum se identifica com o PSB?

Entre os candidatos da terceira via, o que tem proximidade maior com o PSB é Ciro Gomes (PDT), que é de um partido parceiro. Mas nas conversas que tenho com dirigentes dos partidos está muito claro que a prioridade absoluta é livrar o Brasil de Bolsonaro. É ter alguém que preze a democracia e que possa retomar a estabilidade institucional para que o país volte a crescer e possa gerar empregos. E, como essa decisão só vai se dar no início do ano que vem, estamos analisando o quadro e conversando com todas as forças políticas. O problema é que nós estamos hoje percebendo uma polarização grande do país entre Bolsonaro e Lula. Se persistir esse quadro até lá, demonstrando que Lula é quem tem as melhores condições de derrotar Bolsonaro, provavelmente o PSB vai apoiar o Lula.

E essa avaliação vai ser feita com base em quê? Pesquisa?

Claro que as pesquisas têm um valor. Mas é mais uma avaliação política do momento que está sendo feita permanentemente, com conversas, com as lideranças e, é claro, com consulta a pesquisas também. 

Na última eleição, o combate à corrupção foi o tema da campanha. Qual será agora? 

Certamente a garantia da democracia. Todo mundo está percebendo que o governo Bolsonaro coloca em risco as instituições e isso traz uma instabilidade política e econômica muito grande. Até setores que apoiaram Bolsonaro na campanha e que são tradicionalmente conservadores estão se desgarrando dele porque percebem que essa forma irresponsável de atacar as instituições, de provocar crise a cada dia, é ruim para todo mundo. Compromete a competitividade do agronegócio no exterior, compromete a indústria. Bolsonaro é um fabricador de crises. Os próprios setores produtivos que o apoiaram na campanha já estão percebendo que a permanência dele e a ameaça à estabilidade democrática são um risco para os seus próprios negócios. Então, não tenho dúvida de que o que vai permear o debate político nessa eleição é a estabilidade no país pelos próximos quatro anos, fazendo uma transição, para que o país possa voltar à normalidade democrática.

Na caravana pelo Nordeste, Lula esteve com o prefeito de Recife, João Campos, e com líderes do PSB no Nordeste. É possível também uma aliança com Lula em Pernambuco?

As lideranças políticas do PSB têm muito claro o que é mais importante para o país neste momento, que é garantir a estabilidade democrática. Então, é claro que diferenças pequenas, pessoais e regionais serão colocadas de lado na decisão do partido. Isso não quer dizer que necessariamente nos estados essa aliança se reproduza. Mas do ponto de vista do plano nacional certamente o que vai definir a posição do partido é a candidatura que tem maior probabilidade de derrotar Bolsonaro

Quem é o candidato natural do PSB ao governo de Pernambuco?

É o ex-prefeito (de Recife) Geraldo Júlio. Foi prefeito duas vezes. O Paulo Câmara está no final do mandato.

Depois do embate entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) na disputa pela prefeitura de Recife, acredita que a família de Miguel Arraes estará no mesmo palanque regional e nacional?

Eu já vi declarações da Marília Arraes nesse sentido, de que não faz política olhando para o retrovisor. Ela olha para a frente. Então acho possível, em função de um propósito maior que é a garantia da estabilidade democrática. A política é um processo extremamente dinâmico. Hoje o cenário mostra o Lula com melhores condições de derrotar Bolsonaro. Nós temos ainda, até a definição dos partidos, cerca de oito meses. Então, muita coisa pode acontecer até lá e é fundamental que o partido converse com todas as forças políticas e não descarte a possibilidade de outras alianças. 

Você se referiu a uma definição no início do ano e não falta muito tempo. Acredita que dá tempo até lá de formar um outro candidato que na sua visão terá maior potencial que o Lula?

É difícil. Sem dúvida é um desafio difícil, mas não é impossível. Por isso, o PSB deve fechar com o Lula porque reúne mais condições de derrotar Bolsonaro. Mas, como essa decisão não precisa ser tomada agora, temos que avaliar o quadro permanentemente. 

O partido deu uma guinada mais à esquerda com a entrada de Marcelo Freixo e Flavio Dino, que eram filiados ao PSOL e PCdoB? 

Sem dúvida. São dois quadros extremamente expressivos, extremamente qualificados e competentes nas áreas que atuam e certamente fortalecem uma posição do PSB no campo progressista, mais à esquerda.

Qual é o projeto do PSB para eles?

Flávio Dino deve ser candidato ao Senado no Maranhão e Freixo, ao governo do Rio.

No Rio, Freixo busca aproximação com o PP. Acredita que o centrão que está com Bolsonaro vai se diluir?

Tenho convicção disso. O centrão trabalha de forma muito pragmática. O que nós estamos percebendo é que há um derretimento da candidatura Bolsonaro e o centrão não vai ficar apegado a isso. Não vai se afogar junto com Bolsonaro. Acho que vai haver uma desagregação do centrão. Boa parte pode até aderir à candidatura do Lula e nos estados eles vão agir de acordo com seus interesses regionais.

O ex-governador do Paraná Roberto Requião, que se desfiliou recentemente do MDB, também deve ir para o PSB?

Ele é bem-vindo. Qualquer político que deseje se somar à nossa frente progressista, para derrotar Bolsonaro, será bem recebido. É o caso do Requião.

E o MDB? Qual é a sua aposta?

Como o MDB é um partido muito diverso, a tendência sempre é não se aliar a uma candidatura para presidente da República, para sempre se aliar nos estados conforme suas conveniências regionais. Eu acredito que essa é a tendência do MDB.

Nessa possibilidade de se aliar ao Lula, vai ser difícil explicar ao eleitor que o PSB está apoiando um candidato que foi condenado e preso por corrupção?

Veja bem: o Lula hoje é uma pessoa livre da justiça. Todas as condenações foram anuladas. Então, a gente tem que respeitar as decisões da justiça. Sem dúvida, o discurso mais forte hoje em defesa de uma possível candidatura do Lula é a oportunidade de derrotar Bolsonaro.

O que você acha do discurso bolsonarista de enfrentamento ao Supremo, de impeachment de ministros? O que está por trás disso?

Está por trás um desejo de ruptura da ordem institucional e, ao mesmo tempo, a tentativa de desviar o foco de temas que estão trazendo muito sofrimento à população brasileira, especialmente a inflação e o desemprego. Hoje o aumento da pobreza é real. 

A crise econômica também será tema de bombardeio na campanha para Bolsonaro?

Com certeza. É isso que está minando definitivamente o governo Bolsonaro. Isso se reflete na vida concreta das pessoas. O aumento da energia elétrica e os apagões que teremos até o fim do ano, a impossibilidade de crescimento econômico em função da crise energética, o aumento do preço do gás, dos alimentos, estão corroendo qualquer tipo de apoio ao Bolsonaro nas classes menos favorecidas

O PSB perdeu recentemente Leila Barros, a única senadora que permanecia no partido. O que motivou essa saída?

A Leila cometeu um equívoco político enorme. Ela teve tudo no PSB, desde a sua eleição. Na primeira semana de mandato, eu a procurei e disse que não seria candidato ao governo por uma decisão pessoal e familiar e ela poderia concorrer. Mas ela tomou a decisão de ir para um partido muito menor (Cidadania). Leila me disse era que o PSB estava com um perfil muito de esquerda e ela queria um partido mais de centro. Eu ainda aleguei que ela nem precisa ser candidata agora. Tenho um sentimento até de que ela já percebeu que se equivocou politicamente.

O PSB vai pedir o mandato dela na Justiça?

Não creio. Eu particularmente não defendo uma medida dessa. Nós estamos olhando para a frente. Nós temos candidato, Rafael Parente. Estamos construindo uma frente progressista no Distrito Federal e nós temos o desejo de encabeçar esse projeto. No campo da esquerda no DF, somos a maior força política. Fomos para o segundo turno, elegemos uma senadora. Portanto, nós temos um legado de realizações e de pessoas que foram beneficiadas por políticas públicas no nosso governo e nós vamos fazer esse debate com a população. E eu serei candidato a deputado federal. É projeto do partido fazer uma forte bancada federal no Congresso.

Ficou algum trauma pela passagem no governo, com dificuldades financeiras e uma derrota no segundo turno?

Absolutamente não. Tenho muito orgulho de ter sido governador do DF, muita honra do legado que deixamos. Tivemos um governo reconhecidamente honesto, passamos por um momento muito difícil nas contas públicas. Nós colocamos as contas em dia. Governamos num período de instabilidade política, com o impeachment da presidente Dilma e conseguimos conduzir a normalidade institucional, sem exacerbações. Democratizamos a cidade com a abertura de todo a orla do lago, resolvemos o problema da crise hídrica, com investimentos. Sou um governador que não responde a nenhum processo.

Essa candidatura do Rafael Parente é para valer mesmo? Não há chance de uma aliança com o senador Reguffe (Podemos-DF) que também é pré-candidato ao governo?

Tenho muito apreço pela figura do Reguffe. É um amigo pessoal, mas fui muito franco com o senador e também com a Leila, além de outras pessoas com quem tenho conversado, como (os deputados distritais) Leandro Grass e Reginaldo Veras, com o Ricardo Berzoini. Nós temos uma candidatura para valer. Tenho convicção de que o PSB é a principal força progressista no DF e vamos mostrar isso.

Ibaneis Rocha (MDB) derrotou a sua candidatura à reeleição em 2018. Desde então, com exceção de algumas manifestações nas redes sociais, o senhor tem permanecido em silêncio. Como avalia o governo que o sucedeu?

Acho o governo Ibaneis uma tragédia. Como o DF, a unidade da federação mais rica do país, que tem recursos vultosos do Fundo Constitucional, que recebe transferências da União, registrou o maior crescimento da pobreza no país? Essa é uma mancha indelével no currículo do Ibaneis. A marca do governo é o descaso com a vida. O DF registra os maiores números de mortes por habitantes na covid. É um dos estados que, até semanas atrás, estava mais atrasado na vacinação, que teve casos de corrupção na saúde, teve a cúpula da saúde presa na pandemia por desvio na implantação de hospitais de campanha, de leitos de UTI, de testes de covid que ainda eram falsos. Enfim, quem vai pagar por essas mortes? É um governo da morte e da pobreza.

Há rumores de que, em caso de uma aliança nacional entre o PT e o MDB, Ibaneis poderia ser vice na chapa de Lula. Acha possível?

Claro que não. Só se o Lula fosse louco de colocar na chapa esse histórico de pessoa que foi péssimo no combate à pandemia, que levou o DF à pobreza. Diria que Ibaneis só foi bom no Distrito Federal para o Flamengo.

Você reclamou, durante o governo, de não ter recebido apoio de aliados da bancada do DF no Congresso. Ficaram mágoas?

Eu não trabalho com mágoa. Sempre digo que nós vamos apoiar para o governo quem apoiar o nosso legado. Claro que faço autocríticas. Acho que faltou mais diálogo com os servidores públicos, para demonstrar de forma mais clara as dificuldades, embora houvesse uma má vontade de sindicatos com o nosso governo. Mas temos muita honra e orgulho do legado que deixamos para a cidade. Fizemos um governo honesto, que é obrigação, mas não é tradição no Distrito Federal. 

Com o PT em Brasília é possível fazer uma aliança?

Como disse, temos que definir prioridades. No plano nacional, a prioridade é derrotar Bolsonaro. No plano do DF, é derrotar Ibaneis. Para isso, temos que conversar com todas as forças políticas. Se isso vai redundar numa aliança formal, só na frente saberemos.

 

 

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Ana Maria Campos

Ana Maria Campos é jornalista formada pela Universidade de Brasília (UnB). Foi repórter do Jornal do Brasil, colunista de política do Correio Braziliense e integrou a equipe do programa CB Poder, transmitido pela TV Brasília. Participou de coberturas de casos de corrupção e conquistou, ao longo da carreira, os prêmios Esso, CNT, AMB e Engenho.

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