Mario Sabino: O Vietnã dentro de nós
"Mais uma vez não escreverei sobre política. Nem sobre um livro, embora livros existam sobre o tema", diz Mario Sabino em entrevista à Crusoé. "O meu assunto desta semana é uma extraordinária repórter fotográfica cujo trabalho andava esquecido e que foi resgatado por uma fundação que tem o seu nome...
“Mais uma vez não escreverei sobre política. Nem sobre um livro, embora livros existam sobre o tema”, diz Mario Sabino em entrevista à Crusoé.
“O meu assunto desta semana é uma extraordinária repórter fotográfica cujo trabalho andava esquecido e que foi resgatado por uma fundação que tem o seu nome, como informado pelo jornal Le Monde, que lhe dedicou uma matéria fascinante.
A repórter fotográfica é Catherine Leroy. Com apenas 21 anos, 1m50, 40 quilos e armada de uma Leica, ela entrou em cena na Guerra do Vietnã, em 1966, para extrair desse pesadelo imagens que podemos classificar como icônicas. Foi para o Vietnã dizendo à sua mãe que iria ficar por lá durante três meses. Ficou três anos. Até então, só havia fotografado cenas parisienses.”
“Resolveu aprender a saltar de paraquedas, algo bastante inusitado para a época. Quantos saltos fez Catherine Leroy antes de embarcar para o Vietnã? Oitenta e quatro. A experiência lhe permitiu participar da única operação de paraquedistas do exército americano no conflito na Indochina. Nenhum outro jornalista tinha habilitação para tanto. Ela saltou juntamente com os marines da 173ª divisão aerotransportada, em fevereiro de 1967 e, lá de cima, fotografou os soldados que desciam ao inferno da guerra.”
“Ela foi uma das primeiras mulheres a serem admitidas nos campos de batalha. E sabia que, como pioneira, não poderia demonstrar fraquezas atribuídas ao seu sexo. Sem pedir ou aceitar ajuda, atravessou rios e pântanos, carregando o seu equipamento da mesma forma que os soldados levavam as suas armas.”
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